O despertador tocou às sete, e Helena abriu os olhos lentamente. O teto branco, as paredes ainda nuas, o som distante de uma cidade que ainda lhe era estranha. Tudo era novo — e ao mesmo tempo, nada parecia realmente começar.
O apartamento pequeno, alugado às pressas, tinha cheiro de tinta fresca e solidão. As caixas ainda espalhadas pela sala eram testemunhas silenciosas de uma vida que ela não tivera coragem de desempacotar por completo.
O filho, Lucas, dormia no quarto ao lado. O som suave da respiração dele era o único ruído familiar. Helena se levantou com cuidado, foi até a cozinha e colocou água para o café. A chaleira apitou, e ela percebeu que o barulho ecoava mais alto do que devia — talvez porque o silêncio dentro dela fosse ainda maior.
Tentava se convencer de que tinha feito o certo.
Deixar tudo para trás.
Os colegas, a cidade, Adriano.
Mas a cada manhã, o nome dele ainda vinha junto com o primeiro pensamento. Era automático, como respirar. E, junto, vinha o p