A sala de espera do consultório era fria e perfumada com lavanda.
Mariana folheava uma revista sem enxergar as páginas, o coração acelerado, as mãos trêmulas.
Adriano, sentado ao lado, olhava o chão. Desde a noite anterior, falava pouco. Parecia outro homem — distante, contido, com uma serenidade que, nela, despertava pânico.
Quando a enfermeira chamou o nome dela, Mariana quase não conseguiu se levantar.
O médico, um senhor de expressão serena, cumprimentou-os com gentileza.
— Então, Mariana, parabéns pela gestação — disse, abrindo o prontuário. — Quantas semanas?
— Acho que… umas oito — respondeu, sem olhar para Adriano. — Fiz o exame há pouco tempo.
O médico assentiu.
— Ótimo. Vamos dar uma olhada, tudo bem? Quero te examinar e depois fazemos o ultrassom.
Mariana deitou-se na maca. O som do papel descartável rasgando ecoou como um estalo de consciência.
O médico, com gestos tranquilos, começou o exame físico.
Por alguns segundos, só se ouvia o barulho dos inst