Os dias tinham encontrado um ritmo.
Helena começava a sentir-se em paz, ainda que essa paz fosse frágil, feita de silêncios e pequenos gestos.
Lucas estava bem adaptado à nova escola, falava das novas amizades com entusiasmo, e o apartamento — antes impessoal — já tinha cheiro de lar.
Na empresa, as coisas também fluíam.
Helena conquistara a confiança da equipe, especialmente de Laura, que já a citava como exemplo de eficiência.
O foco no trabalho era a tábua que a mantinha à tona — quanto mais ocupava a mente, menos espaço havia para lembranças.
Mas naquela manhã, enquanto tomava café na copa da empresa, o passado voltou disfarçado de conversa casual.
— Você trabalhava na unidade central, né? — perguntou Joana, mexendo o açúcar no copo.
— Sim — respondeu Helena, distraída, olhando pela janela.
— Acho que conheço alguém de lá… como é mesmo o nome dele? Adriano, eu acho. Ele perguntou outro dia se alguém aqui te conhecia.
Helena congelou.
— O quê? — a voz saiu mais baixa do