Adriano acordava cedo, mas não dormia.
As horas da madrugada tinham se tornado um campo minado — cada lembrança de Helena o fazia reviver o que dissera no carro, o que ouvira dela, o que não teve coragem de fazer depois.
O apartamento parecia menor, abafado, cheio de silêncios que Mariana tentava preencher com gestos forçados.
Flores na mesa, sorrisos planejados, toques que ele não conseguia retribuir.
Desde a conversa no carro, quando Helena, trêmula e frágil, deixara escapar sobre a gravidez, tudo havia mudado dentro dele.
Nada mais parecia caber no mesmo lugar.
Nem o casamento.
Nem a casa.
Nem o próprio corpo.
Mariana notara, é claro.
E, em uma última tentativa de conter o que já escapava, dissera a frase que o imobilizou:
— Adriano, eu também estou grávida, você parece não estar se importando.
Demorou segundos para responder — e quando respondeu, a voz saiu rouca, sem convicção.
— Eu me importo, só não estava esperando que fosse acontecer agora.
Ela bai