Era uma segunda-feira cinzenta quando Adriano foi chamado à sala do chefe. Helena observou de longe, desconfiada do tom sério da convocação. Ele entrou e fechou a porta atrás de si, desaparecendo por longos minutos.
Do outro lado, o chefe o recebeu com o costumeiro pragmatismo.
— Adriano, precisamos de você em São Paulo por um tempo. O projeto com a filial exige sua presença lá.
Adriano arqueou as sobrancelhas. — Por quanto tempo?
— Pelo menos algumas semanas. Talvez um mês. Você sabe como funciona: negociação com investidores, ajustes finos. Lígia pode tocar as coisas aqui com minha supervisão.
A palavra “Lígia” soou como um lembrete amargo. Adriano respirou fundo, mas assentiu. Não tinha escolha.
Quando saiu da sala, Helena o aguardava, fingindo revisar relatórios. Ele parou ao lado dela, os olhos claros mostrando um cansaço diferente.
— Preciso te contar uma coisa… — começou. — O chefe me pediu para viajar. Vou ficar fora algumas semanas.
Helena sentiu o chão fugir