Narrado por Zeus Marino
Ela me olhava como quem tenta expulsar um fantasma. Molhada, o corpo ainda grudado ao vestido, as mãos tremendo sem saber se fechavam os punhos ou se empurravam a própria fraqueza para longe.
— Vai embora, Zeus — disse, seca. — Agora.
Puxei o cigarro do bolso, molhado demais para acender, e ri baixo. Não de humor. De incredulidade.
— Eu não vou a lugar nenhum.
Ela ergueu o queixo, tentando parecer maior do que era. — Aqui não tem espaço pra você. Esse apartamento mal cabe a mim e ao bebê. Você não pode… — a voz falhou, mas ela insistiu: — Você não pode ficar.
Dei um passo, a água ainda escorrendo das minhas roupas. O chão rangia sob o peso da decisão.
— Eu durmo aqui. No sofá. No chão. Onde for. — Meu olhar cravou no dela. — Mas eu não saio.
— Você não entende — Léa rebateu, a voz subindo. — Esse é o meu lugar, Zeus! Você não pode simplesmente invadir, colocar suas regras e…
— Posso, — cortei, seco. — E vou.
Ela se aproximou, tentando enfrentar. — Você é louco