Narrado por Zeus Marino
“Isso… não devia ter acontecido.”
As palavras dela ainda ecoavam no banheiro, mais alto do que o barulho da água escorrendo pelas paredes. Eu a encarei. O vestido grudado na pele, o cabelo molhado caindo pelos ombros, os olhos arregalados demais. Queria acreditar no que dizia, mas o corpo dela ainda ardia contra o meu, denunciando tudo o que a boca tentava negar.
Assenti devagar.
— Não devia.
Minha voz saiu baixa, firme, como sentença. O silêncio que veio depois foi mais pesado do que o cano quebrado, mais cortante do que qualquer arma. Porque não era sobre beijo. Nunca foi.
Abaixei-me, torcendo o cigarro molhado entre os dedos antes de jogá-lo na pia destruída. O banheiro parecia um campo de batalha depois da explosão: chão alagado, toalhas jogadas, luz piscando. Nós dois ali, ensopados, encarando não só o erro que dividimos, mas o que estava na sala — o bebê.
Respirei fundo, o peito queimando.
— Mas o que importa não é o que aconteceu aqui, Léa. — Apontei par