Narrado por Léa
O choro dele me arrancou do sono como faca rasgando o escuro. Não importa o quanto eu esteja cansada, nem quantas noites mal dormidas tenham ficado para trás: quando meu filho chora, meu corpo desperta antes da mente. É instinto. É sobrevivência.
Virei no colchão, os pés já procurando o chão frio, as mãos estendidas para o berço ao lado. Mas uma voz me deteve.
— Deixa eu ver ele aqui.
Arfei. O coração bateu no peito como se quisesse fugir.
Zeus.
Ele estava ali, sentado na poltrona encostada à parede, no escuro. A luz da rua entrava pela cortina mal fechada e riscava metade do rosto dele, o suficiente para eu ver que não dormia. Talvez nem tivesse tentado.
— Ele precisa de mim, — murmurei, mais para me convencer do que para convencê-lo.
Mas Zeus levantou a mão, firme, a sombra de comando impregnada até no gesto mais simples.
— Só por um momento.
Meu primeiro impulso foi recusar. Queria dizer que não, que era meu filho, que ele não tinha esse direito. Mas a forma como os