Narrado por Zeus Marino
A madrugada tinha o frio cortante que te ensina a pensar com menos emoção e mais cálculo. Dormi pouco; não por medo — por vigilância. Deixei Léa e Luc sob os cuidados do Apolo em um quarto que parecia bunker, com cortinas pesadas e gente que não tira o olho do corredor. Quando saí, o ar da rua parecia limpo demais, como se o mundo prendesse a respiração antes do soco.
A informação veio direta: três caminhões com mercadoria nossa — mercadoria que movia contratos e confiança — seriam interceptados numa estrada secundária antes do desvio para o porto. Era claro demais: teste. Besa queria medir nossa reação. Queria ver se a casa recuava. Queria sangue e mostrou o caminho para buscá-lo.
Chamei Ares e Apolo. Reuni quem precisava estar. Não quis gritos nem bravatas. Marquei o bloqueio de um jeito que não desse tempo para contato com jornal nem para que civis se metessem no meio. Dispusemos homens como quem coloca peças no tabuleiro: não para mostrar força, mas para fe