Narrado por Zeus Marino
A casa acordou com um silêncio diferente — não o silêncio de quem descansa, mas o silêncio tenso de quem espera um trovão. Liguei o rádio por hábito; desliguei antes da primeira notícia. Não queria sons que parecessem confirmação. Preferia a realidade na minha frente: Léa no sofá, Luc enrolado em um cobertor, dormindo com a confiança brutal de quem ainda não calcule o mundo; Ares no escritório, já vestido para negociar; Apolo com o celular colado à orelha, vigilante.
Logo cedo a mensalidade do conflito bateu à porta: mais uma carga desviada, duas empresas que pediam garantias extras, um assessor do Don tentando vender paz com o mesmo sorriso que vende traição. Besa aperta a corda e quer ver até onde eu ando. Ela quer que eu recue. Eu nunca recuo por medo — recuo se houver outro plano. Ainda não vi plano melhor do que proteger o meu.
Chamei uma reunião curta, as vozes baixas como quem fala de dinheiro em maus momentos. Enzo trouxe os relatórios; o advogado, uma