Narrado por Zeus Marino
O sol entrou pelas frestas da cortina como navalha. A casa ainda estava silenciosa, mas minha cabeça parecia um campo de batalha. Abri os olhos devagar e demorei alguns segundos para entender onde estava. O quarto de hóspedes que mandei preparar para Léa… só que não era mais só dela.
O lençol amarrotado, o cheiro de pele misturado ao perfume fraco de sabonete barato, o corpo dela virado de costas, respirando pesado. E o berço, no canto, com Luc dormindo tranquilo, sem ideia da merda que o mundo já estava preparando para ele.
Eu sentei na beira da cama, os pés firmes no chão. Passei as mãos pelo rosto. O gosto da noite ainda estava na minha boca.
Merda.
Eu não devia ter tocado nela. Não devia ter deixado acontecer. Mas deixei. E agora não havia como apagar.
Podia me enganar dizendo que foi impulso, que foi o caos do momento, que a tensão pesou demais. Mentira. A verdade é que eu quis. Quis desde que pisei naquele apartamento em Paris, desde que olhei nos olhos d