Narrado por Zeus Marino
A casa amanheceu com gente demais para um domingo. Homens em trajes escuros cruzavam os corredores com papéis e telefones; mulheres da governança organizavam o que podia ser organizado; o cheiro de café e pólvora parecia disputar espaço no ar. Quando o mensageiro tocou a porta do meu gabinete, já sabia o que vinha: formalidade com veneno dentro.
Abri a carta com a ponta dos dedos, sem cerimônia. A caligrafia do Don Kodra vinha acompanhada de um enviado, e a mensagem era curta, precisa e cortante: retirada da francesa e do menino da propriedade nas próximas vinte e quatro horas. Em anexo, um convite “diplomático” para que eu comparecesse ao porto ao meio-dia — sigilo, dizia o bilhete. A assinatura não deixava margem para romantismo.
Chamei Ares para o escritório. Ele entrou com o rosto das manhãs que não perdoam, e pediu relato sem rodeio.
— Mandaram por carta — falei. — Querem a saída em 24 horas. E querem conversas em Bari.
Ares deixou a voz virar cálculo:
— É