Narrado por Zeus Marino
A fúria me mordia por dentro como ferro aquecido. Quando a notícia voltou do porto — homens do Don Kodra em movimento, navios com caixa fechada, sorrisos largos de quem acha que dinheiro compra coragem — não senti pânico nem surpresa. Senti uma coisa mais antiga: o instinto que me fez aprender a ler mapa de poder antes de aprender a ler mapas de estrada. E aquele instinto tem nome: resposta.
Não quero apagar ninguém. Não quero descrever carnificina. Quero que eles desapareçam do meu horizonte. Quero que o Don e seu clã percam o que têm de mais valioso sem que eu precise sujar a própria mão. Porque matar é feio e, muitas vezes, gera um buraco que ninguém cobre. Prefiro arrancar as colunas que sustentam seus sorrisos.
Fechei a porta do meu escritório e fiquei sozinho com o mapa e o relógio. Pensei nos navios e nos rostos que vinham. Pensei nos homens que comandam contratos e em quem assina as notas. Pensei nas contas. Achei no pensamento uma estrada tão óbvia qua