Narrado por Zeus Marino
O dia clareou pesado sobre a Calábria, como se o sol também soubesse que ia testemunhar uma discussão de família. Não foi surpresa quando Ares chegou. Ele sempre vem como quem carrega um tribunal nas costas, passos decididos, olhar de quem mede o preço antes de falar. Entrou na sala sem bater, tirou o casaco devagar, e já veio direto ao ponto como se não houvesse educação necessária entre quem divide sangue.
— Vim ver você — disse ele, sem rodeios — e ver a situação com a dona francesa.
Fiz cara de ninguém que se impressiona com reuniões protocolares. Ares não gosta de improviso e adora ordem; eu sei disso melhor do que ele pensa. Ainda assim, deixei o silêncio crescer, que é uma das maneiras mais rápidas de obrigar o outro a se apressar.
— Ela fica — falei, seco.
Ares arqueou só uma sobrancelha, aquela expressão que anuncia que a garganta dele já escolheu as palavras cortantes.
— Zeus, você sabe o que está em jogo. A aliança com os albaneses foi costurada com