Narrado por Zeus Marino
Sempre fui bom em prever reações. Homens, inimigos, aliados, todos seguiam padrões. Bastava observar a postura, o tom da voz, o movimento das mãos. Com Léa, não. Cada olhar dela era uma incógnita. Cada silêncio, uma guerra.
Quando abri a porta do quarto do Luc e vi os olhos dela marejarem, soube que tinha acertado. Não em estratégia, mas em algo que não entendo. Ela ficou ali, segurando o bebê com força, como se aquele universo pintado nas paredes fosse o primeiro lugar seguro depois de muito tempo.
— Está lindo… — ela sussurrou, e eu senti uma pontada estranha no peito. Não alegria, não orgulho. Algo diferente, mais perigoso.
Falei sobre os astronautas, sobre as noites em que eu, ainda garoto, encarava o céu como se ele tivesse respostas. Palavras que nunca contei a ninguém. Saiu fácil, natural. Talvez porque, no fundo, fosse verdade: sempre quis o infinito, e agora ele estava ali, respirando pequeno no colo dela.
Perguntei sobre a babá. Esperava a recusa. Ela