Narrado por Apolo
A noite parecia calma demais.
E eu sabia, por experiência, que o silêncio era o prenúncio do caos.
A lua cortava o céu de Valência como uma lâmina. A mansão estava silenciosa, o jardim ainda exalava o aroma das flores recém-regadas, e Violetta dormia abraçada ao meu lado, com a respiração calma, os cabelos espalhados pelo travesseiro como uma moldura de paz em meio à minha guerra particular.
Mas algo estava errado.
Levantei da cama com um estalo no peito. Era como se o ar tivesse ficado mais denso. Não um medo qualquer, mas o instinto de quem nasceu em campo de batalha. Puxei a arma da gaveta, descalço mesmo, e caminhei até a sacada do quarto. Meu olhar varreu o jardim.
Nada.
Mas o portão eletrônico estava levemente entreaberto.
Merda.
Apolo: — Enzo! — sussurrei pelo ponto auricular que nunca tirava da orelha, mesmo durante o sono. — Você deixou o portão aberto?
Enzo: — Não, senhor. Tá trancado desde a meia-noite. Por quê?
Apolo: — Porque alguém entrou.
Desliguei e