A chuva batia forte contra as janelas blindadas da cobertura. Raios riscavam o céu de Madrid como cicatrizes brancas sobre um manto de guerra.
Alonso andava em círculos, a camisa aberta no peito suado, os pés descalços afundando levemente no tapete turco. O uísque no copo de cristal já havia perdido o gelo. Ele não tinha dado um único gole.
A notícia ecoava dentro dele como um trovão que nunca cessava: Ivanov estava morto.
Não morto de um jeito simples. Não morto num acidente, ou traído por dentro. Ivanov Barinov, Dom da máfia russa, homem que já havia mandado enterrar inimigos vivos, fora degolado como um porco, por Ares Marino, em pleno ataque ao galpão onde o pacto seria selado.
Ele socou a parede.
De novo.
E de novo.
Até o sangue correr entre os dedos.
Seu segurança pessoal apareceu na porta, hesitante.
Soldado:
— Senhor…
Confirmado. A fonte da Interpol garante. Ivanov não escapou. Foi executado no ato.
Alonso nem olhou. Só respirava fundo, os olhos vermelhos de raiva,