Narrado por Alonso
O cheiro de sangue nunca me incomodou.
Pelo contrário.
Me lembra de casa. Da infância.
Das noites em que meu pai voltava coberto dele e ainda assim beijava minha mãe com a mesma boca suja.
Eu sou filho do México.
Do norte seco. Das fronteiras riscadas com balas.
E ninguém mexe com a minha família e sai vivo.
Ramiro era meu irmão.
Sangue do meu sangue.
Idiota? Sim. Impulsivo? Sempre foi.
Mas ainda assim… meu irmão. E agora tá morto.
Por causa de um italiano de merda com um sobrenome grande e ego maior ainda.
Apolo Marino.
Peguei o copo de tequila da mesa e virei de uma vez só.
Minha mãe chorava todos os dias desde que enterramos o corpo.
Chorava como se cada lágrima fosse um prego batido na minha alma.
E cada vez que ela soluçava, eu jurava…
— Eu vou matar esse desgraçado com minhas próprias mãos.
Mas não antes de fazer ele assistir a parte mais divertida.