Mundo de ficçãoIniciar sessãoCamila não esperava que o destino fosse mudar seus planos de forma tão brusca. Entre provas, estudos e a vida universitária, ela conheceu um amor que desafiava não apenas regras acadêmicas, mas também o peso das tradições familiares. André, seu professor, tornou-se mais do que um guia em sala de aula: foi o homem que a ensinou a enxergar a vida com coragem, entrega e intensidade. Eles precisaram enfrentar olhares desconfiados, palavras duras e até a rejeição daqueles que mais amavam. Mas, mesmo diante de todas as barreiras, Camila descobriu que amar André era sua maior certeza — sua convicção mais profunda. Uma história de paixão, amadurecimento e resistência, “Convicções do Coração” mostra que o verdadeiro amor não se explica: ele simplesmente acontece, e quando é real, transforma para sempre.
Ler maisO calor da pista me envolvia como uma segunda pele. As luzes roxas e azuis piscavam em sincronia com o grave que fazia meu peito tremer. O ar estava impregnado de suor, perfume barato e álcool, e ainda assim eu me sentia leve, solta, pronta para esquecer qualquer pensamento que não fosse dançar, queria apenas curtir o dia de liberdade antes de voltar a Universidade no dia seguinte.
Letícia e Paula riam ao meu lado, rodando os cabelos, brindando com copos de vodka com energético, totalmente entregues ao ritmo, Thiago... Bem Thiago deve ter visto algum cara bonito e estava aproveitando... Eu também estava - até que o vi. Ele atravessava a multidão como se não houvesse obstáculos, como se cada corpo que tentava barrá-lo fosse apenas parte do cenário. Alto, ombros largos, a barba por fazer desenhando o maxilar marcado, o olhar escuro que parecia encontrar apenas o meu, mesmo em meio a centenas de pessoas. Meu estômago revirou de um jeito quase doloroso, de um jeito que nunca aconteceu. Ele não disse nada no início. Apenas parou diante de mim, perto o suficiente para que o calor do corpo dele competisse com o da pista. E então ele sorriu, de um jeito malicioso, seguro, como quem já sabe que será correspondido, ele sabia que estava mexendo comigo, de alguma forma ele sabia e tinha segurança naquilo, sabia que era bonito e irresistível. - Posso? - a voz grave dele vibrou contra o meu ouvido, abafada pela batida. Meu corpo respondeu antes da minha mente. Balancei a cabeça afirmativamente, e quando ele encostou a mão em minha cintura, a respiração falhou. Dançar com ele era como cair em um transe. Cada movimento encaixava, cada roçar era calculado para atiçar, nunca para aliviar. Senti o quadril dele pressionar o meu, firme, e um arrepio percorreu minha espinha... Que homem... - Qual o seu nome? - perguntou, com os lábios roçando na minha orelha. Mordi o lábio, provocando. - Sem nomes. Só esta noite. Ele riu baixo, rouco, quente. - Gosto disso. A mão dele deslizou um pouco mais pela minha cintura, quase ousado demais. E eu permiti. Não queria regras. Não queria freios, não sei o que passava em minha cabeça, mas sabia que não o veria de novo e me conheço o suficiente para saber que se soubesse o seu nome, daria um jeito de procurar por ele até esbarrar com ele de novo "sem querer". A música trocou para algo mais lento, sensual, e aproveitei para virar de frente para ele. O peito dele encostou no meu, e senti o cheiro do perfume amadeirado misturado ao álcool. Os olhos dele me devoravam, e percebi que o jogo já estava perdido, eu queria seduzi, mas ele foi mais rápido do que eu. - Você dança bem - disse, segurando meu queixo com delicadeza. - Você também - respondi, sentindo meu corpo implorar por mais proximidade. A boca dele desceu até meu pescoço, sem tocar de fato, apenas deixando o hálito quente percorrer minha pele. Fechei os olhos por um segundo, e quando voltei a abri-los, percebi que não havia mais multidão, música ou amigas. Só ele. Foi ele quem quebrou o feitiço, segurando minha mão com firmeza. - Vamos sair daqui, aceita ir para um lugar mais reservado? Não protestei, não consegui, o desejo já tinha decidido por mim, apenas me deixei ser guiada. Atravessamos a pista, entre olhares curiosos e luzes que agora pareciam longe. O ar frio da madrugada me atingiu, mas não o suficiente para apagar o calor que ardia por dentro. No caminho até o carro dele, os toques se tornaram mais ousados: dedos deslizando pela minha pele, minhas unhas arranhando de leve o braço dele, como se já estivéssemos nos despindo em público. Ele abriu a porta para mim com uma gentileza contrastante com a urgência que transbordava de nós dois. Quando entrou, olhou-me como se quisesse gravar cada detalhe. - Só esta noite - repetiu, confirmando nosso pacto. - Me permita ser seu só essa noite... - Só esta noite - garanti, mas dentro de mim algo já queimava diferente. O motor roncou, mas não mais que meu coração. Não conseguimos manter distância: a mão dele encontrou minha coxa, subiu devagar, enquanto meus dedos exploravam o braço dele, a nuca, até alcançar o cabelo bagunçado. Eu queria sentir o gosto da boca dele, e quando nossas bocas finalmente se encontraram, aproveitando o semáforto vermelho, o beijo foi urgente, faminto, como se o carro fosse pequeno demais para conter o que explodia dentro de nós. A cada quilômetro percorrido, a tensão crescia. Eu mal lembrava da estrada. Só lembrava da língua dele explorando a minha, da mão dele apertando minha coxa cada vez mais alto, até chegar perigosamente perto do tecido da minha saia. Arfei, quebrando o beijo, o segundo ou terceiro depois que saimos da balada, não sabia mais, já estava perdida naquele homem. - Vai me deixar maluco - ele murmurou, com um meio sorriso. - Talvez seja a ideia. Ele riu, mas havia mais fogo que humor em seu olhar. Quando o carro entrou discretamente no estacionamento do motel, eu já estava molhada de antecipação, o corpo pulsando pelo que viria. Ele estacionou, desligou o carro e me puxou para mais um beijo, as mãos firmes em minha cintura. Eu me perdi na boca dele, já sem pensar, já sem volta. O quarto era iluminado por uma luz avermelhada que escorria pelas paredes, criando um clima quase irreal. Mal tivemos tempo de notar os detalhes, assim que a porta se fechou atrás de nós, ele me empurrou suavemente contra a parede e tomou minha boca de novo, com um beijo ainda mais faminto. As mãos dele subiam e desciam pelas minhas curvas como se precisassem mapear cada centímetro. Eu gemi contra sua boca quando os dedos apertaram minha bunda, trazendo-me para mais perto de seu corpo duro, já denunciando o quanto me desejava. - Eu quero você agora minha pequena - ele murmurou contra meus lábios, a respiração quente e descompassada. - Então me tenha - respondi, perdida entre coragem e rendição. Ele segurou minhas coxas e me ergueu sem esforço, me prendendo contra a parede. Minhas pernas se enroscaram em sua cintura, e senti a ereção dele pressionar direto contra mim, apenas o tecido fino da minha calcinha separando. Arfei alto, sem me importar em esconder. - Porra… você tá molhada só em trocar beijos comigo? - a voz dele soou grave, quase um rosnado de prazer. - Você nem imagina… - provoquei, arranhando a nuca dele enquanto rebolava de leve contra seu pau duro, torturando nós dois. Ele gemeu baixo e, sem aviso, puxou a alça do meu vestido para baixo, expondo meu sutiã de renda. A boca dele desceu voraz, abocanhando meu seio por cima do tecido. Eu gemi alto, agarrando seus cabelos. Quando ele afastou o tecido e sugou meu mamilo com força, quase perdi o ar. - Ah, sim… continua — pedi, sentindo a umidade entre minhas pernas aumentar. Ele não hesitou. Me carregou até a cama e me jogou suavemente sobre os lençóis, ficando sobre mim. Os olhos escuros percorriam meu corpo como se já me possuíssem antes mesmo de despir-me, com dedos firmes, ele puxou meu vestido até tirá-lo por completo, revelando a lingerie preta que eu havia escolhido sem imaginar que teria tanta utilidade. O olhar dele escureceu ainda mais, e senti-me incendiada só de ser observada. - Você é ainda mais gostosa do que eu imaginei na pista - disse, passando a língua pelos lábios. Sorri, mordendo o meu. - E você ainda nem me provou. O desafio brilhou em seu olhar. Ele desceu, beijando meu pescoço, meu colo, meus seios, minha barriga, até alcançar a barra da minha calcinha. Meus músculos se contraíram em expectativa, e quando ele puxou a peça lentamente com os dentes, não consegui conter um gemido rouco. - Abre as pernas pra mim - ordenou, a voz baixa, carregada de desejo. Eu obedeci, sentindo o ar frio da noite misturar-se ao calor do meu corpo. Ele passou os dedos pela minha intimidade úmida, espalhando devagar, explorando, provocando. Meu quadril se arqueou pedindo mais. - Molhada e pronta… - ele murmurou, antes de se inclinar e me devorar com a língua. Meu corpo explodiu em sensações. A língua dele me percorreu inteira, firme, precisa, como se soubesse exatamente onde tocar. Quando ele sugou meu clitóris e ao mesmo tempo penetrou dois dedos em mim, arqueei as costas, gritando de prazer. - Isso… continua, não para - implorei, agarrando seus cabelos e puxando contra mim. Ele obedeceu, lambendo e penetrando mais fundo, o ritmo aumentando até eu sentir o orgasmo se acumular rápido demais. Meu corpo tremia, o coração disparado, a respiração entrecortada. - Eu vou gozar… - avisei, sem conseguir segurar. - Então goza pra mim - ele incentivou, a voz abafada entre minhas pernas. E eu gozei. Forte, descontrolada, com um grito que ecoou pelo quarto. Meus músculos se contraíram em espasmos, minha visão se turvou por um instante, e só o que restava era a língua dele me levando além do limite. Quando finalmente relaxei, ofegante, ele subiu pelo meu corpo, beijando minha barriga, meus seios, minha boca, me fazendo provar o gosto de mim mesma. - Ainda não terminamos - disse, enquanto abria o zíper da calça. Meus olhos se fixaram no volume que finalmente se libertava, e a noite estava apenas começando.Ele tirou a camisa de uma vez, revelando um corpo firme, músculos bem definidos, como se cada linha tivesse sido esculpida para provocar. O olhar dele cravado em mim só aumentava minha excitação. A cada segundo, eu sentia o calor retornar, como se meu orgasmo anterior tivesse sido apenas o prelúdio. - Quero sentir você - murmurei, puxando-o pelo cós da calça. Ele riu de leve, aquele riso baixo que me arrepiava inteira, e terminou de se despir. Quando sua ereção ficou completamente exposta, engoli em seco. Era grosso, pulsante, e só de imaginar dentro de mim senti as pernas tremerem de novo. Ele percebeu meu olhar e arqueou a sobrancelha, satisfeito. - Pronta? - Mais do que nunca. Ele se posicionou entre minhas pernas logo após colocar o preservativo, esfregando a glande contra minha entrada úmida, provocando-me de propósito. A cada deslize, eu gemia, implorando sem vergonha. - Para de me torturar - reclamei, arranhando seu peito. - Adoro ouvir você pedir - disse, e sem aviso, me penetrou fundo de uma vez. Um gemido alto escapou dos meus lábios, misto de prazer e surpresa. Senti cada centímetro preenchendo-me, esticando-me, e a sensação era tão intensa que quase perdi o fôlego. - Caralho… você é apertadinha demais - ele murmurou contra meu ouvido, arfando. - E você é grande demais - respondi entre gemidos, arqueando as costas. - Mas eu adoro. Ele começou a se mover, lento no início, como se quisesse que eu sentisse cada detalhe, cada atrito. Eu gemia a cada investida, pedindo mais rápido, mais fundo. Ele atendeu, aumentando o ritmo até o som de nossos corpos se chocando encher o quarto, misturado aos meus gritos e aos gemidos roucos dele. - Isso… assim… mais forte! - implorei, cravando as unhas em suas costas. Ele me obedeceu, segurando minhas pernas abertas e arremetendo contra mim com força. O prazer vinha em ondas, cada vez mais intensas, até eu sentir outro orgasmo se formando. - Eu vou gozar de novo… - avisei, quase chorando de prazer. - Então goza, quero sentir você tremer no meu pau - ele rosnou, enterrando-se mais fundo. E foi o que aconteceu. Meu corpo inteiro se arqueou, meus músculos se apertaram em torno dele, e gozei gritando, queria dizer seu nome, mas por escolha minha nem isso eu sabia. Enquanto eu ainda tremia, ele me virou de bruços, colocando-me de quatro sobre a cama. Segurou minha cintura com força e me penetrou de novo, dessa vez ainda mais intenso. - Porra, você fica linda nessa posição - gemeu, estocando fundo. Eu olhei para trás, mordendo os lábios, provocando-o. - Então mete mais forte. Ele não precisou de mais incentivo. Segurou meu cabelo em um rabo improvisado e começou a me foder com força, cada estocada arrancando gemidos roucos de mim. A cama batia contra a parede, o som ecoando pelo quarto. Senti meu corpo fraquejar, mas ele não diminuiu o ritmo. - Vai me fazer gozar de novo - gemi, quase sem ar. - Quero sentir você gozar no meu pau mais uma vez antes de eu gozar dentro de você. Essas palavras foram meu gatilho. Gozei pela terceira vez naquela noite, mais forte, mais intenso, quase chorando de prazer. Meu corpo inteiro latejava, mas ainda queria mais. Ele também estava no limite. Suas estocadas ficaram irregulares, os gemidos mais altos, até que com um último impulso, ele se enterrou completamente em mim e gozou, forte, profundo, seu corpo inteiro tremendo contra o meu. Ficamos assim por alguns instantes, ofegantes, suados, colados, como se o mundo tivesse desaparecido. Aos poucos, ele saiu de dentro de mim e deitou ao meu lado, ainda recuperando o fôlego. Eu virei o rosto, encontrando seus olhos. Não havia promessas, não havia planos, só aquela noite. Ele sorriu de canto e me puxou para mais perto, beijando minha testa. E ali, exausta e saciada, percebi que não precisava de nomes. Precisava apenas lembrar que, por uma noite, ele tinha sido inteiro meu.O silêncio que veio depois não era vazio. Era pesado de respirações entrecortadas, de pele colada, de corações acelerados. O quarto cheirava a sexo, suor e perfume, uma mistura que grudava na pele e na memória. Deitei de lado, ainda ofegante, observando o peito dele subir e descer, o corpo grande relaxado contra os lençóis amarrotados. Ele virou o rosto e me pegou olhando. Sorriu, lento, satisfeito. - Você é incrível - disse, a voz rouca do cansaço e do prazer. Sorri de volta, puxando o lençol até a cintura. - Você também… mais do que eu esperava de uma noite qualquer. Ele estendeu a mão e puxou uma mecha do meu cabelo, enrolando nos dedos. O gesto tinha algo de íntimo, quase carinhoso demais para o pacto que tínhamos feito. - Sem nomes, sem amanhã - ele lembrou, como se precisasse reafirmar, e por um fio de esperança, quis acreditar que ele também queria mais que uma só noite. - Eu sei. - A voz saiu mais baixa do que eu pretendia. Ficamos em silêncio por alguns segundos, apenas nos olhando. Havia algo no olhar dele que parecia querer atravessar a superfície, como se buscasse algo em mim. Eu desviei antes que fosse tarde demais. Me levantei, caminhando até o banheiro. A água fria do chuveiro escorreu pelo meu corpo, tentando acalmar a excitação que ainda pulsava em cada músculo. Fechei os olhos e revivi cada toque, cada estocada, cada gemido arrancado de mim. Meu corpo ainda latejava, como se não quisesse esquecer. Quando voltei ao quarto, ele estava sentado na beira da cama, vestindo a calça. O olhar percorreu meu corpo nu mais uma vez, devorando, mas dessa vez havia uma sombra de despedida. - Não me diga seu nome - pedi, sorrindo de canto. - Quero guardar você assim… como um segredo, meu, somente meu. Ele se levantou, veio até mim e me segurou pelo queixo, obrigando-me a olhar em seus olhos. - Segredo perigoso - disse, antes de me beijar com calma, diferente da urgência de antes. Um beijo que parecia um ponto final. Dormimos pouco. Entre cochilos, mais carícias, toques preguiçosos, beijos que não precisavam de pressa. O amanhecer chegou sem que eu percebesse, a luz suave atravessando a cortina do quarto. Eu me vesti em silêncio, sentindo o peso de cada movimento. Ele também. Quando saímos do quarto, o ar fresco da manhã parecia zombar da intensidade da noite. No carro, o trajeto foi curto. Ele parou perto do centro, onde eu pedi para descer. Ficamos alguns segundos em silêncio, até que ele quebrou a barreira: - Foi uma noite que eu não vou esquecer. Mordi o lábio, abrindo a porta. - Também não. Nossos olhos se encontraram uma última vez, e eu tive vontade de pedir mais, de quebrar a regra, de saber quem ele era. Mas não fiz. Apenas sorri e fechei a porta. O carro arrancou, sumindo na rua ainda vazia. Fiquei parada por um instante, abraçando a si mesma contra o frio, sentindo o gosto da noite ainda na boca, o corpo ainda marcado pelo toque dele. Era para ser só uma noite. Sem nomes, sem promessas, sem consequências. Mas, no fundo, algo em mim sabia: não seria tão simples esquecer.Aquela semana foi um exercício de autocontrole. Eu entrava na sala de aula tentando parecer apenas mais um professor em início de semestre, cumprimentava a turma, abria meus slides e iniciava a explicação. Mas bastava levantar os olhos e vê-la sentada ali, cabelos negros caindo sobre os ombros, fingindo anotar algo no caderno, para que todo o meu discurso ensaiado ameaçasse ruir. Camila. Ela não me olhava diretamente. Talvez porque sabia o que encontraria em mim. Ainda assim, em pequenos descuidos, nossos olhos se encontravam. Um choque breve, rápido, como um raio que incendeia por dentro antes de desaparecer. E então ela desviava, voltava a escrever, mas eu sabia. Sabia que ela também sentia a mesma corrente elétrica atravessando o ar. A aula seguia arrastada para mim, ainda que eu me esforçasse em parecer absolutamente neutro. Cada vez que passava perto da fileira onde ela estava, era como sentir o cheiro de perigo, doce, viciante, impossível de ignorar. No fim da aula, quando to
P.O.V AndréEu nunca fui de me perder em festas. Sempre gostei de observar de longe, um copo de whisky na mão, a música preenchendo o ambiente enquanto eu analisava as pessoas como se fossem personagens de uma peça. A maioria seguia um roteiro previsível: risadas altas, corpos embriagados, olhares que buscavam validação.Mas naquela noite, algo quebrou a rotina.Ela.Não sabia o nome ainda, mas a vi assim que entrou, com aquele vestido que parecia feito para provocar meus instintos mais primitivos. Não era apenas beleza, havia muitas mulheres bonitas ali. Era a energia dela. Uma mistura de inocência com algo latente, como se estivesse descobrindo o próprio poder e ainda assim não soubesse a força que tinha sobre os outros.Fingi indiferença no início, mas quando nossos olhares se cruzaram, senti o impacto direto, físico. O mundo ao redor pareceu se dissolver, e tudo o que restava era aquela garota me desafiando sem sequer perceber.Conversei com algumas pessoas, mantive as aparências
O primeiro dia de aula sempre tinha um gosto especial. Os corredores estavam lotados, cheios de vozes, risadas e passos apressados. Era como se o campus respirasse diferente naquele dia: mais vivo, mais cheio de expectativas. O cheiro de livros novos misturado ao de café barato das máquinas automáticas me fez sorrir por dentro. Eu adorava aquela atmosfera, embora uma parte de mim estivesse inquieta, como se algo estivesse para acontecer.Paula, Thiago e Letícia caminhavam ao meu lado, cada uma carregando uma pilha de cadernos que provavelmente não seriam usados depois da primeira semana.- Aposto que metade dessas pessoas não vai aparecer mais depois da segunda semana - Letícia comentou, ajeitando a mochila no ombro.- Verdade. Esse corredor está parecendo desfile de moda - Paula riu, apontando discretamente para um grupo de calouras que tirava selfies perto do mural de avisos.Sorri, mas estava distante. Não conseguia me concentrar de verdade. Enquanto elas falavam sobre professores
Do meu quarto dava para sentir o cheiro de café fresco invadindo a cozinha de Paula. O sol atravessava a cortina fina e desenhava listras de luz sobre a mesa, que estava coberta de frutas, pães e sucos. Sentei-me tentando parecer normal, mas cada vez que fechava os olhos o corpo lembrava: mãos quentes deslizando pela minha pele, a boca dele colada à minha, o peso do seu corpo sobre o meu.Meu coração ainda corria em ritmo descompassado, como se a noite tivesse acabado há minutos, não horas.— Bom dia, Camila! — Letícia cantou, mordendo um pedaço de pão como se tivesse acabado de ganhar na loteria. — Nossa… olha essa cara. Dormiu mal ou sonhou com alguém?Revirei os olhos e afundei a colher no pote de iogurte para disfarçar.— Não sonhei com ninguém, obrigada.Paula, claro, não deixaria barato. Ela me observava como quem enxerga muito além do que eu queria mostrar.— Hum-hum… tá, senta lá, Camila. Você está vermelha, sua boca tem esse sorrisinho escondido e… — ela inclinou a cabeça, ma
O calor da pista me envolvia como uma segunda pele. As luzes roxas e azuis piscavam em sincronia com o grave que fazia meu peito tremer. O ar estava impregnado de suor, perfume barato e álcool, e ainda assim eu me sentia leve, solta, pronta para esquecer qualquer pensamento que não fosse dançar, queria apenas curtir o dia de liberdade antes de voltar a Universidade no dia seguinte. Letícia e Paula riam ao meu lado, rodando os cabelos, brindando com copos de vodka com energético, totalmente entregues ao ritmo, Thiago... Bem Thiago deve ter visto algum cara bonito e estava aproveitando... Eu também estava - até que o vi.Ele atravessava a multidão como se não houvesse obstáculos, como se cada corpo que tentava barrá-lo fosse apenas parte do cenário. Alto, ombros largos, a barba por fazer desenhando o maxilar marcado, o olhar escuro que parecia encontrar apenas o meu, mesmo em meio a centenas de pessoas. Meu estômago revirou de um jeito quase doloroso, de um jeito que nunca aconteceu.





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