04. A Caçada Pessoal

A noite parecia mais fria do que antes, e o ar que entrava nos pulmões de Chiara era denso e cortante. O saxofone sensual do clube foi substituído pelo alarme distante de uma viatura, um som que, ironicamente, a fazia se sentir segura. Ela não sabia quanto tempo ficou parada, encostada na parede fria do corredor, o corpo em um misto de fúria e tremores. O beijo roubado no pescoço, o sussurro de Dante, a mão dele em seu rosto… Tudo se repetia em sua mente, como um filme de horror.

Ele a tocou, ele a ameaçou, e ele se divertiu. E o pior, ela sabia que ele tinha razão: ela havia gostado, mesmo que por uma fração de segundo. Aquele sentimento de posse e dominância, algo que ela nunca havia experimentado, a assustava. Ela não era uma presa. Ela era a lei. Ela era a Detetive Chiara Rossi, e não uma boneca para ser usada.

Ela se afastou do muro, o corpo ainda tenso, e caminhou para fora do clube. O frio da noite de Nova York não era nada comparado ao frio de sua alma. Ela podia sentir o olhar de Dante a seguindo, e ela sabia que ele estava se divertindo. Ele era um predador, e ela era a presa. O jogo havia começado, mas a diferença era que ele ditava as regras, e ela as aceitava.

Chiara não voltou para casa. Ela foi direto para a delegacia, o único lugar onde se sentia no controle. O prédio parecia um fantasma, as luzes de LED frias e o cheiro de café velho. A sala dela estava do mesmo jeito que a deixou. As fotos do corpo de Peter Valenti, o relatório da perícia, o arquivo de Silvano Gallo. Tudo a lembrava da humilhação que sofreu no clube.

Ela sabia que não podia seguir o caminho normal da investigação. Ela não podia ir até Dante e perguntar por que ele estava na cena do crime. Ela não podia ir até ele e perguntar por que ele a havia encurralado. Dante era intocável. A única maneira de pegá-lo era quebrando as regras.

Chiara ligou o computador e entrou no sistema da polícia. Ela tinha um acesso privilegiado, e o usou para entrar em um arquivo restrito, o da Máfia de Nova York. A pasta era um labirinto de nomes, fotos, endereços de fachada, e informações sobre as operações da família Moretti. Ela vasculhou a pasta, buscando por um nome, um endereço, uma pista que a levasse a Dante. Ela sabia que ele não estaria em um banco de dados, mas ele estaria em algum lugar.

Ela passou horas procurando, seu corpo se movendo com o ritmo de um animal caçando. Ela se sentiu viva, a adrenalina a fazendo esquecer o cansaço. Ela queria se vingar. Ela queria mostrar a Dante que ela não era uma presa, e que ele não era o predador. Ela era a lei. Ela o encurralaria, e ele não teria chance.

Seus olhos se fixaram em um nome: "O Velho Moinho". O nome era antigo, mas o endereço era recente. Era um galpão abandonado em uma área industrial, em um bairro que não era conhecido pela riqueza, mas sim pela pobreza. O nome "O Velho Moinho" era um código, um nome de fachada. A data da compra do galpão era recente, e a empresa que o comprou era uma empresa de fachada da família Moretti. Chiara sabia que havia algo de errado.

Ela se levantou da cadeira, a mente em um turbilhão. Ela sabia que não podia ligar para Mason. Ele a faria parar, a faria seguir as regras. Ela sabia que tinha que ir sozinha. Ela sabia que era perigoso, mas ela não se importava. Ela queria estar sozinha. Ela queria enfrentar Dante sozinha. Ela queria provar a si mesma que era mais forte do que ele pensava.

Ela pegou o casaco e a arma e saiu da sala. O frio da manhã era como uma bofetada em seu rosto, e a fez se sentir mais viva do que nunca. Ela entrou no carro, ligou o motor e dirigiu para o local. A viagem foi longa, e o caminho para o local foi escuro e assustador. As ruas eram desertas, as luzes de neon das lojas de conveniência piscavam, e a única coisa que ela ouvia era o som do motor do carro.

Ela estacionou o carro a alguns metros do galpão. O lugar era desolado. O galpão era velho, a porta de metal estava enferrujada, e a única luz vinha da rua. Ela saiu do carro, e o ar da manhã era denso e pesado. Ela se moveu com a graça de um animal, os olhos de lince, a mente em alerta. Ela se aproximou da porta, e a empurrou. A porta abriu com um som de ranger, e o cheiro de mofo e poeira invadiu seus sentidos.

Ela entrou no galpão. O lugar era escuro e sujo. Ela tateou a parede e encontrou um interruptor, e a luz fraca de um lampião se acendeu. Ela olhou para o local. O galpão era enorme, cheio de caixas de madeira, barris, e coisas aleatórias. Ela se aproximou das caixas, procurando por algo que a levasse a Dante.

Ela abriu uma das caixas. No interior, não havia arquivos. Havia fileiras e mais fileiras de pequenos sacos de veludo preto. Com a adrenalina correndo por suas veias, ela abriu um deles, e o que encontrou fez seu estômago revirar. Não era algo que ela já havia visto, mas o brilho era inconfundível. Havia uma pedra preciosa, algo que parecia um diamante, mas era tão grande e perfeito que a fez duvidar da sua própria sanidade. O brilho da pedra era como um holofote no meio do escuro do galpão. Ela não precisava de um perito para saber que aquilo era ilegal. Era contrabando, e era muito valioso.

Chiara sabia que não podia ficar ali por muito tempo. O coração dela batia forte em seu peito, e a mente dela gritava para ela fugir. Ela pegou o diamante e colocou em sua mochila, e se preparou para sair. Mas ela sentiu a sua nuca se arrepiar, e soube que não estava sozinha.

Um som de um passo se aproximou, e o som foi lento e deliberado. A luz do lampião se apagou, e o galpão se tornou escuro novamente. Ela sentiu o cheiro de fumaça e suor. O som de passos se aproximou, e ela sentiu a presença de alguém, mas ela não sabia quem. O som era como de um homem grande, e o silêncio era tão denso que a fez querer gritar.

— Quem está aí? — uma voz rouca e forte ecoou no silêncio. — Eu sei que você está aí. Se entregue agora. Eu vou te encontrar.

Chiara sentiu o corpo dela tremer. A voz não era de Dante. Era de um guarda, ou de um capanga. Era um homem que parecia ter a voz rouca e grave, e a sua voz era um comando. Ele não estava brincando. Ele a faria se render.

Ela tentou fugir, mas ele era mais rápido. Ele a encurralou em uma das paredes, a única luz vinha de fora do galpão, e a sombra de um homem se aproximou. Ele era grande, musculoso, e ela podia sentir o seu cheiro e a sua respiração pesada.

— Eu vou te dar uma chance, se você não se entregar, eu vou atirar — ele disse, e o som da sua voz era como de um animal. — Eu vou te encontrar, e eu vou te matar.

Chiara se escondeu em uma das caixas, e ele atirou. O som da arma era como uma bomba, e o som dos tiros ecoaram por todo o galpão. Ela sentiu o seu corpo tremer, e o coração dela batia forte em seu peito. Ele atirou mais uma vez, e ela sentiu a bala passar perto dela. Ela sabia que tinha que fugir. Ela correu, mas a escuridão era sua inimiga. Ela não sabia para onde ir.

Ele a seguiu, e os tiros continuaram. Ele a chamava, e a sua voz era como a de um demônio. Ela estava perdida, assustada, mas ela se recusava a se render. Ela correu para a porta de trás, e a abriu. Ela saiu correndo do galpão, e os tiros continuaram a ecoar na noite. Ela entrou no carro, ligou o motor e dirigiu para longe.

Ela olhou para trás, mas não viu ninguém. Ela sabia que ele a havia deixado ir, ou ele a havia perdido. Ela estava em choque. Ela não sabia o que era mais assustador, a ameaça de Dante ou o perigo que ela havia acabado de enfrentar. Ela estava sozinha, e mais do que nunca, ela sabia que estava em um jogo, e que o jogo era perigoso.

A única coisa que a mantinha viva era a adrenalina em suas veias. Ela estava de volta ao jogo, e ela sabia que estava em perigo. Mas ela sabia que não podia voltar. Ela era a lei, e ela tinha um trabalho a fazer. E, para sua própria surpresa, ela se pegou pensando em Dante, e se ele estaria orgulhoso dela por ter enfrentado o perigo, e ela se sentiu envergonhada, mas ao mesmo tempo, excitada, com a ideia.

Ela dirigiu, a única coisa que a mantinha viva era o som do motor do carro, e a sua respiração pesada. Ela sabia que estava em um jogo, e que o jogo era perigoso. Mas ela estava no controle, e ela sabia que o jogo estava apenas começando.

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