CAPÍTULO 158.
Darína
Depois das aulas, como sempre, fomos para o restaurante. Nos sentamos na esplanada — o sol mergulhando devagar no horizonte, tingindo o céu de laranja e lilás. Estávamos relaxados, rindo de qualquer coisa banal, comendo batatas-fritas, comentando sobre os professores e os dramas inúteis da escola. Eu queria congelar aquele momento, guardar aquela paz dentro de mim.
Mas ela não durou.
Do nada, a paz foi engolida pelo som de tiros.
Um carro preto surgiu na entrada da rua. Dois homens nas janelas disparavam em nossa direção. O som das balas cortava o ar, gritos ecoavam ao nosso redor. Pratos estilhaçavam, pessoas caíam. Tudo aconteceu rápido demais. Rápido demais para meu corpo reagir.
Eu congelei.
Não conseguia me mover, nem pensar. Só consegui sentir o pânico me paralisar por completo.
Carlos me empurrou da cadeira, me puxando com força antes que uma bala me atravessasse.
— Darína, temos que correr! — sua voz firme me arrancou do torpor.
— Nossos amigos… — eu disse, tremendo, ch