CAPÍTULO 157.
Darína
O que ele quer dizer com ele é meu pai?
Como se isso fosse mudar alguma coisa. Como se de repente a dor dos últimos dezoito anos fosse evaporar só porque ele apareceu com um pedaço de papel e um pedido tardio. Como se ele pudesse me arrancar da minha história e me colocar numa novela de reconciliação.
Não.
Eu não preciso disso.
Eu não quero isso.
Saí do escritório de Eliyahu como se o chão queimasse meus pés. Subi as escadas como quem foge de um incêndio e me tranquei no quarto. Coloquei os fones e deixei a música instrumental sul-africana no volume mais alto possível. Fechei os olhos. Tentei me afundar nas melodias, nas lembranças da minha mãe. Aquelas músicas eram o único elo que ainda me prendia a ela, ao que realmente importa.
Franscisco é meu pai.
Carlos é meu irmão.
E de alguma forma... tudo isso me ultrapassa. Existe algo antigo, podre e poderoso correndo por trás da minha existência - e eu sou só a última peça de um tabuleiro montado antes mesmo de eu n