CAPÍTULO 134.

Eliyahu Prokhorov.

São 23h e eu estou parado na porta do quarto dela, vendo seu corpo escorrido como uma boneca de trapo, como se o pouco que ainda sustentava sua estrutura tivesse finalmente cedido. O cabelo escuro cai sobre os ombros, desalinhado, colado ao rosto molhado pelas lágrimas. O gorro preto está torto, a camisa xadrez manchada, a calça preta com a barra suja de terra. E os Air Jordan — ainda impecáveis. Essa é ela. Até no caos, há alguma ordem no que veste.

E vê-la assim… quebrada, suja, entregue, me deixa com o coração mole. Coisa que não devia acontecer comigo.

Ela pode não saber, e às vezes nem eu mesmo quero admitir, mas tudo que a envolve mexe comigo. Sempre mexeu. Desde os doze anos dela. Desde a primeira vez que apareceu na minha frente com aquele olhar duro demais pra idade, como se carregasse o mundo nas costas finas.

Me abaixo, sem pressa, e toco seus pés com a ponta dos dedos. Estão frios.

— Me deixa cuidar de você, Myshka. Por favor.

Ela solta um soluço, um som
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