CAPÍTULO 133.
Darina.
São 23h quando abro a porta da minha casa. Ou melhor, forço a maldita até ela ceder com um rangido agonizante. A madeira está apodrecida nos cantos e o trinco, enferrujado, quase sempre emperra. O ar quente e abafado me atinge como um soco. Um cheiro de mofo, suor seco e desespero paira no ambiente, misturado ao odor metálico do velho ventilador que já nem gira mais.
As luzes da sala estão apagadas, como deixei. Economia. Princípio básico de sobrevivência de qualquer pobre. Desde que saí de casa às 6h da manhã pra pegar o autocarro pra escola, depois trabalhei das 13h às 17h na loja de conveniência, e das 18h às 22h como garçonete naquele bar sujo onde os homens não sabem a diferença entre uma ordem e uma investida. Tudo isso só pra juntar dinheiro. Só pra liberar o corpo da minha mãe na morgue.
Cada dia que passa, as taxas fúnebres aumentam. Como se o tempo tivesse um preço. Como se manter um corpo no frio fosse luxo. E é. Pelo menos pra mim. Se eu não tivesse passado três di