Acordo antes do nascer do sol. Tenho esse hábito desde que me tornei diretor geral da empresa de construção da Bratva. A fachada legal da família, o palácio brilhante que esconde os corpos empilhados no porão. Ninguém suspeita de uma empresa de construção civil... ainda mais uma que sempre entrega tudo no prazo, com orçamentos bem fechados. Mas por trás de cada cimento, existe cocaína. Debaixo de cada fundação, existe dinheiro russo lavado com sangue.

Levanto da cama sem pressa. Não preciso correr. Sou meu próprio chefe. E mesmo que não fosse, ninguém na Bratva ousaria gritar comigo. Na verdade, gritar comigo é como assinar a própria sentença de morte — em tinta invisível, é claro, mas o resultado sempre aparece. Faço minha higiene lentamente. Gosto desse silêncio. É o único momento do dia em que não preciso pensar em poder, vingança ou números adulterados.

O som de algo caindo me arranca desse estado. Vem do quarto à frente. Não me preocupo. É Darina. A garota de olhos opacos e passa