Mundo ficciónIniciar sesiónNo dia seguinte, depois que terminei meus afazeres na máfia, saí de casa a passos calmos, com a nítida impressão de que ela estaria lá hoje também.
E ela está, sentada na calçada, com um gorro na cabeça e um olhar atento. Hoje, em particular, está fazendo muito frio. Ela vai acabar ficando doente. — Vamos. — Estendi minha mão, e sem hesitar, ela segurou. — Cadê seu pai? — Morto. Minha mãe disse que ele morreu. Eu não me lembro muito bem dele, então não sei nada sobre ele. — Gostaria de saber? — Não... Ele já morreu. Não vai fazer diferença. Nem Nery, no auge de sua maturidade, consegue ter uma maturidade como a dessa criança. E essa maturidade dela me encanta. Me faz querer me agarrar nela como se eu fosse um parasita. — E a escola? — Não estou indo. — Por quê? — Mudamos de cidade, então não posso ir para minha antiga escola. E aqui não tem escola. Então não tenho como estudar. Mamãe diz que é perigoso sair de uma cidade para outra, e os transportes também são caros. Então, quando há tempo livre, minha mãe me ensina a leitura. — Hmmmm... Não é bom que ela não vá à escola. Tudo bem que ainda não temos um ano enquanto recuperamos a cidade, mas devo fazer algo para que a escola volte a funcionar ainda este ano. Ela não pode ficar sem estudar, senão vai ter ideias estranhas e querer se prostituir como a mãe e a irmã. — Hoje tem bolo de chocolate. Gosta? — Mike. — Eu como tudo. — Disse ela, devorando o bolo com os olhos. Mike sorriu. — Beleza, gostei. — Mike disse, cortando uma fatia e dando para ela. Me inclinei para ficar do tamanho dela e abri a boca, sinalizando para ela me dar. Qualquer pessoa da minha família, exceto meus pais, meus tios e meus avós, me chutaria para fora. Meus primos são egoístas. Mas essa ratinha não é. Ela cortou uma fatia generosa de bolo com a colher e colocou na minha boca. — Quer mais? — Não. Coma. — Me levantei e bagucei sua cabeça. — Não os dê se eles te pedirem. Adultos não podem comer coisas de crianças. — Olha só quem fala! — Luke reclamou. — Hoje vou te ensinar a jogar damas. — Zack. — Depois do jantar, tem que estudar. Tenho que te colocar em dia. — Digo. Ela me olha confusa, mas mais tarde entende, quando coloco um caderno e uma caneta e faço contas básicas para saber até onde ela sabe. — Eli daria um ótimo pai. É bem atencioso. — Patrick. — Quem sabe ele ainda adota a criança. — Zack. Não sinto qualquer sentimento paterno em relação a criança. E não tenho nenhuma vontade de ser pai dela nem de ninguém atualmente. Não sei definir o que sinto agora. Mas gosto da companhia desta criança. — Todo número multiplicado por zero dá zero, não importa a quantidade. OK? Vamos fazer de novo. Fiquei umas duas horas ensinando, até decidir dar uma pausa. — Ela não deveria dormir? — Mike. — Não está com sono? — Eu não durmo antes de a lua estar no topo. — Disse com expressão séria. Traumatizada. Isso sim é uma criança traumatizada. — Meia-noite. — Ela me olha confusa. — Quando a lua está no topo, é meia-noite. — Oh... Meia-noite. Quando deu meia-noite, a acompanhei para casa, e sua mãe estava do lado de fora, com a mesma expressão séria. Não trocamos palavras. Não quero falar com ela. Não tenho nada a dizer-lhe. Não acho que ela seja digna de falar comigo. Então, assim que elas entram na casa, viro-me e vou embora. Pelo caminho, ligo para meu pai, dizendo que irei precisar de fundos o mais rápido possível para colocar as escolas funcionais nessa área. Ele não ficou muito feliz de ser acordado nessa hora, mas concordou em liberar a quantidade necessária para que eu pudesse iniciar. — Isso não é como damas, que você aprendeu com Zack. Isso é xadrez. Os princípios são diferentes. — Explico para ela. Todas as noites, vou buscá-la na calçada de sua casa. Ela vem jantar conosco, se diverte, estuda, e quando dá meia-noite, devolvo-a novamente para casa. Enquanto isso, pressiono os engenheiros que estão responsáveis pela reabilitação das escolas. Eles disseram que tudo será concluído em quatro meses. Já será meio do ano, mas antes isso do que nada. — Você tem que dormir. — Digo seriamente para ela, assim que terminamos de jantar. — Se não dormir, nunca vai crescer e vai continuar com esse tamanho para sempre. — Eu não durmo antes... — Shhhhh... Eu sempre te levo para casa à meia-noite, então durma, *Myshka*. — Eu não consigo. — Quer que eu te conte uma história antes de dormir? Ela me olha como se eu fosse um estranho e nega. — Enfim... Durma. Mesmo contra sua vontade, levei-a para meu quarto, cobri-a e mandei-a fechar os olhos. Farei isso até que ela se acostume. E até que, eventualmente, baixe suas barreiras e durma. Por que estou tão interessado nesta criança? Por que estou determinado a derrubar as paredes dela?






