O cheiro.
O cheiro do hospital ainda está grudado na minha pele, como se eu tivesse trazido ele junto para este novo apartamento. Por mais que as paredes aqui sejam limpas, claras, e o ar tenha perfume de lavanda… minha mente ainda ouve o som das máquinas.
Fecho os olhos e ainda sinto o impacto.
Aquele segundo que separa o “tudo bem” do “nunca mais igual”.
Lion diz que agora estou segura. Ele diz que essas paredes são um refúgio, que ninguém vai me encontrar aqui. Mas eu sei — segurança não é feita de concreto. É feita de certezas. E eu não tenho nenhuma.
Jennifer.
O nome dela pulsa na minha cabeça como uma febre. Não é só medo. É ódio. Um ódio frio, que nasce quando você percebe que alguém quis arrancar sua vida… e que, por um milagre qualquer, falhou.
Mas não é só ela que me tira o sono.
É ele.
Lion.
Não sei se é o jeito como ele me olha, como se estivesse sempre calculando algo, ou o silêncio dele quando eu faço perguntas. Sei que ele está escondendo coisas. Eu vejo nos olhos dele.