A manhã chegou cinzenta, como se o céu soubesse que a dor ali dentro ainda não havia se dissipado. Lion não saíra do hospital. Seu rosto estava cansado, os olhos fundos, mas ele não desgrudava de Ana. Quando ela acordou, pouco depois das sete da manhã, ele estava ao seu lado.
— Bom dia, dorminhoca — disse ele, com um leve sorriso. A voz saiu baixa, mas havia emoção demais por trás daquela frase simples.
Ana piscou devagar. Ainda estava sob efeito da medicação, mas sua mente parecia mais lúcida.
— Onde… onde eu estou?
— No hospital. Você foi… atropelada — ele segurou sua mão com cuidado, como se ela fosse feita de vidro. — Mas você está bem. Está segura agora.
Ela franziu o cenho, como tentando puxar lembranças fragmentadas. A dor física era real, mas a confusão emocional era ainda maior.
— Achei que fosse só um acidente…
Lion desviou os olhos por um segundo. A verdade ainda doía mais do que qualquer fratura.
— Ana… alguns dias antes disso acontecer… você encontrou com alguém, um homem