CAPÍTULO 04

— Ana Cooper —

Voltei à minha mesa, tentando focar na missão do dia: abrir cada pasta virtual com os compromissos do meu “chefe perfeito”. Enquanto imprimia os documentos para a reunião das 14h, ouvia as risadas graves do Sr. Valentim misturadas à voz descontraída do Sr. Fernando.

Não ousei olhar na direção deles. Não queria chamar atenção de novo.

Fui até a sala de reuniões, coloquei as pastas no lugar certo, como ordenava a majestade — tudo impecável. Depois voltei para meu posto. Os dois ainda conversavam animadamente.

Zip. Zip. ZIP. ZIP.

O celular vibrou sobre a mesa. Era Pedro.

─────────────────────────

— Conversa —

Pedro ❤️

Oi, como você está?

Está tudo bem no trabalho?

Tô com saudades. ❤️

Eu

Estou bem, amor. O trabalho é puxado, o chefe quer tudo perfeito. É meu primeiro dia, então estou fazendo o possível.

Também tô com saudade ❤️ Quando você chega mesmo?

Pedro

Que ótimo. Você vai se sair bem.

Meu voo tá marcado pra sábado.

Eu

Já tô ansiosa pra te ver ❤️

Pedro

Preciso ir agora. Vou sair pra me despedir do pessoal. Beijo.

Eu

Tudo bem. Beijo ❤️

─────────────────────────

Bloqueei o celular, mas fiquei com a testa franzida.

Pedro estava estranho. Frio. Distante. Ele nunca falava comigo assim. Desde que cheguei em Seul, parecia outro. Será que está achando que vou deixá-lo? Ou… será que tem outra?

Não, Ana. Para. Ele não seria capaz…

…mas se for, eu juro por Deus, mato ele.

— Algum problema, Srta. Cooper?

Levei um susto tão grande que quase derrubei o celular. Olhei para cima e lá estava ele. O Sr. Valentim. Em pé, ao meu lado. A poucos centímetros.

Guardei o telefone apressadamente e tentei manter a compostura.

— N-não, senhor. Só estava confirmando se os compromissos na agenda permanecem os mesmos — disfarcei, desviando o olhar enquanto minhas bochechas queimavam.

— Permanecem, sim. E sobre as viagens: minhas secretárias sempre me acompanham. Era isso que queria saber?

— Sim, senhor… — voltei os olhos para a tela do computador. Foco, Ana. Pelo amor de Deus.

— Faça uma cópia deste documento e entregue ao Sr. Fernando — disse, estendendo uma folha para mim.

Peguei o papel, assenti e me levantei.

Ele se virou para Fernando com um aceno e voltou para o aquário — digo, escritório.

— Um minuto, Sr. Fernando — sorri educadamente.

— Claro, estou à disposição — respondeu com simpatia.

Fui até a impressora, fiz a cópia e voltei com o documento em mãos.

— Aqui está.

— Bom dia, senhorita.

— Bom dia — me curvei e o observei sumir no corredor.

✧✧✧

Minutos depois, o som do elevador chamou minha atenção.

De lá saiu um homem alto, de braços tatuados, roupas escuras e passos decididos. Tinha presença — daquelas que enchem o ambiente.

— Bom dia, Srta. Cooper — disse com um sorriso. Fiquei surpresa por ele já saber meu nome. — Sou Jeon, do departamento de peças. Tenho reunião com o Sr. Valentim.

— Bom dia, Sr. Jeon — retribuí, curvando-me com polidez. — Irei avisá-lo. Por favor, me acompanhe, vou levá-lo até a sala de reuniões.

Ele assentiu. Mas senti… seus olhos. Ele me observava. Sem pudor. E não era sutil. Um arrepio subiu pelo meu corpo. Não gostei.

— Pode ficar à vontade, Sr. Jeon. Vou avisar o Sr. Valentim.

Fechei a porta da sala e segui direto para o escritório. Bati duas vezes.

— Entre — veio a voz firme.

— O departamento já está aguardando. O Sr. Jeon está à espera.

— Ótimo. Estarei lá em instantes. Sirva água e café para todos.

Fiz que sim e fui até a área de serviço ao lado da minha mesa. Preparei tudo rapidamente e levei para a sala.

Ao entrar, senti dois pares de olhos me acompanharem. O Sr. Valentim. E o Sr. Jeon. Ambos me olhavam como predadores em silêncio. Engoli seco. Senti o rosto esquentar.

Coloquei cada copo no lugar certo, tentando não tremer.

— Precisam de mais alguma coisa? — perguntei.

— Não, Srta. Cooper. E, por favor… não deixe que ninguém nos interrompa.

— Claro.

Fechei a porta, ainda sentindo o olhar de Jeon nas minhas costas.

Socorro.

✧✧✧

Algumas horas mais tarde…

A reunião terminou justo quando eu estava prestes a ir embora. Fui até a sala para arrumar os materiais usados. Enquanto organizava tudo, percebi que os homens ainda conversavam — e Jeon, mais uma vez, não tirava os olhos de mim.

Me senti desconfortável. De novo.

Enquanto eu saía, eles também começaram a deixar a sala. Fui para a área externa, organizei os documentos restantes… e lá estava ele. Jeon. Parado. Observando. O olhar dele era intenso, invasivo.

Mantive os olhos baixos, focada no que estava fazendo. Mas então… senti.

Um movimento discreto de Valentim.

Ele também percebeu.

O CEO lançou um olhar nada amigável para Jeon — semicerrou os olhos com lentidão, como se já tivesse visto aquele tipo de atitude antes. Por um instante, tive a nítida sensação de que ele não gostou do jeito como o outro homem me olhava.

O elevador chegou. Todos entraram. E eu finalmente pude respirar.

Voltei para minha mesa e desabei na cadeira, soltando um suspiro de alívio.

Que dia. Que loucura.

E o Sr. Valentim…

Aquele homem é de tirar o fôlego.

Mesmo quando parece que vai me devorar viva.

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