O galpão parecia morto por fora, mas por dentro fervia em tensão. Homens armados em silêncio. Miguel, de pé ao lado de uma pilha de caixas metálicas, o esperava com o cenho franzido.
— Achei que tivesse desistido — disse Miguel, cruzando os braços.
— Nunca foi uma opção — respondeu Adam, direto, seco.
Miguel o observou com atenção, como se procurasse sinais de hesitação. Mas não havia nenhum. Adam estava calmo demais. E esse era o tipo de calma que vinha só quando o homem já havia feito as pazes com a ideia de morrer.
— Helena está esperando — avisou Miguel. — Com todos os cães de guarda que conseguiu juntar desde o último desastre. Ela sabe que você vem.
— Ótimo — Adam disse. — Eu quero que ela saiba. Quero que ela me olhe nos olhos quando for tarde demais.
Enquanto isso, Ana acordava sozinha.
O lençol ainda guardava o calor de Adam, mas ele já havia partido.
Por alguns minutos, ela ficou imóvel, encarando o teto, tentando convencer a si mesma de que ele voltaria logo. Que talvez tiv