Pedro nasceu fora dos padrões beleza, e o mundo não o perdoou por isso, sendo a vida toda alvo piadas mau gosto, o que ninguém esperava é que ele acabaria conquistando o coração Júlia, a mais bela e popular da escola, contudo ficar ele significa abrir mão toda sua popularidade, a colocando em um dilema entre seguir seu coração ou continuar sendo a rainha da escola. Para complicar ainda mais a história há Tulio e Tiago, dois gêmeos idênticos, no qual o primeiro se apaixona perdidamente por Pedro e o segundo por Júlia. Um romance ágil, divertido e sobretudo emocionante, o qual te fará pensar porquê a opinião dos outros nos afeta tanto?
Leer másPedro deu mais uma olhada no espelho e tratou de convencer a si mesmo que estava bonito, não era uma tarefa fácil visto que nunca se sentira dessa forma, contudo visto que iria ingressar em uma nova escola, uma das melhores do país a qual ele conseguira através de fazer uma pontuação perfeita em um difícil processo seletivo, se tornara aluno do Instituto George, prestes a conhecer pessoas desconhecidas, havia decidido que tentaria mudar aquela situação e todas as outras que lhe oprimiam.
Seguindo o conselho de sua mãe de se adequar optou por fazer um relaxamento em seus cachos e retirar boa parte de sua barba, o uniforme alinhado combinava com a suave fragrância do perfume da sua mãe; o qual ele despejou um pouco em si mesmo, colocou um pouco de seu pai também, com a ideia de agradar todos os públicos, treinou um pouco seu sorriso de apresentação, no entanto concluiu que seus dentes tortos poderiam dificultar sua aceitação, então decidiu que evitaria sorrir, seguiu seu caminho, enquanto fantasiava com altas expectativas sobre como seria sua vida na nova escola, o sol dava a sua pele já bronzeada um aspecto reluzente.
(...)
A lado ruim de ter um belo sonho é o momento em que você acorda, assim tem que encarar a realidade, a qual não é nada bela...O despertar para Pedro ocorreu assim que ele colocou o primeiro pé dentro da escola, todo lugar a sua volta soara assustador, os olhares que ele recebeu indicava estranhamento e desaprovação, o que fez com que ele engolisse seco, não se deu por vencido e tentou se enturmar com os três garotos que estavam parados em frente ao banheiro masculino.
-Olá pessoal.-Pedro deu o seu melhor sorriso.-Hoje é meu primeiro dia e eu não sei onde fica minha sala.
Os três encararam a Pedro com um ar de superioridade e o mesmo tremeu, em seguida o garoto que estava no meio soltou uma gargalhada e depois disse:
- De onde saiu essa merd*?-Os companheiros dele o acompanharam nas risadas.
-Dá pra esconder um celular nesse Bombril que você chama de cabelo.-Acrescentou o segundo.
-Vocês repararam esses dentes? Parece um tubarão, quando ele começou a falar fiquei com medo de que ele fosse nos dar uma mordida.-O terceiro lhe atingiu no que faltava, e antes que pudesse perceber as lágrimas já haviam começado a cair.
Os insultos continuaram por segundos. Ele não se moveu e nem teve coragem de responder, já o haviam quebrado por dentro, assim que conseguiu controlar suas lágrimas começou a procurar sua classe.
(...)
Se as coisas estavam ruins, elas acabaram tornando-se piores, Pedro desejou com todas as forças de seu peito que estivesse errado, chegou a piscar freneticamente com a esperança de que tudo não passasse de um pesadelo, contudo teve que prosseguir e aceitar a realidade de que aqueles três seriam seus colegas de turma. Para completar a desgraça o único lugar vago era justamente próximo aos três, um estava na cadeira a frente, outro sentado atrás dele, e o último a se encontrava a sua direita.
-Bom dia pessoal, meu nome é André e serei seu professor de matemática esse ano, não irei perder tempo com apresentações longas e falando sobre mim, ao invés disso quero ouvir sobre vocês.
A cada aluno que se apresentava o coração de Pedro acelerava com mais força no peito, queria que algo o impedisse de se apresentar visto que odiava falar em público, no entanto nada aconteceu, e mesmo que até o último minuto ele tenha pensado em fugir, acabou indo a frente como os outros.
-Bom dia, meu nome é...-Os olhares de todos pareciam lhe atingir como facadas, sua voz desaparecia na garganta.-Meu no-nome é...é.-A turma gargalhava.
-Peixe morto!-Gritou Paulo um dos garotos que havia lhe comparado a uma merd* anteriormente.
-De onde tirou isso?-Questionou Gérson, o qual comparara seus dentes aos de um tubarão, rindo em coro com toda turma em seguida.
-Não vê esses olhos esbugalhados e essa cara de morto? Peixe morto.-Paulo deu uma risada cruel e Pedro se controlou para não chorar.
-Você é brabo man.-Disse David dando leves tapinhas nas costas do amigo.
-Já chega!-Gritou o professor em um tom colérico.-Eu não vou admitir esse tipo de comportamento em minha sala de aula.
-O senhor saber quem é meu pai?-Perguntou Paulo em um tom debochado.
-Não sei e não me importo.-Respondeu o professor André em um tom desafiador, mesmo sabendo sua coragem poderia custar seu emprego.
-Tome cuidado professor.-Disse Paulo se calando depois.
-Pode simplesmente dizer seu nome?-Disse André para Pedro em um tom neutro.
-Eu me chamo Pedro.- Falou em um tom quase inaudível e sentou -se segurando as lágrimas.
Ele até tentou se concentrar na aula, no entanto levar contínuos tapas na nuca e com frequência ser acertado por bolinhas de papel era algo que lhe tirava a concentração.
Já estava quase no fim da aula quando seu foco migrou para outro lugar, uma bela garota atravessou a porta, tinha longos cabelos pretos, seus olhos azuis e seu batom roxo lhe dava um aspecto de atriz de cinema, Pedro não conseguiu tirar os olhos dela.
-Posso entrar professor?-Ela disse as palavras de forma mais natural possível.
-Você não pode entrar na aula a hora que quiser, temos regras aqui, precisa se dedicar, aprender e participar.-Ela o olhou como se fosse a coisa mais absurda que alguém poderia lhe dizer, Pedro esperou uma resposta debochada, porém a garota se conteve.
-O meu carro quebrou professor, e o meu chofer só chega às oito.
-Você podia ter vindo de Uber, ônibus...-Disse o professor para receber uma gargalhada como resposta.
-Tudo bem profê, já passamos do limite, vai me deixar entrar ou não?-Falou com um olhar de soslaio.
-Pode entrar Júlia.-Falou suspirando, ele se perguntara qual motivo de que ela ainda aparecia ali, mesmo tendo repetido de ano, não pareceu se importar, a mesma sentou-se e passou a tirar repetidas selfies, sua presença na aula não durou cinco minutos, pois logo o alarme tocara anunciando o fim da aula.
-Até a próxima aula professor, não esquece de colocar minha presença.-Disse para depois sair da sala, seguida por um grupo de garotas, algumas estavam na sala e outras que esperam do lado de fora, deixando Pedro extasiado, a ponto de só perceber que precisava sair para o intervalo quando era o único que restava na sala.
(...)
Pedro era uma pessoa positiva, e sempre tentava arranjar um lado bom em cada situação, um exemplo foi quando percebeu que não tinha amigos, consolou-se com a ideia de que não precisava oferecer seu lanche a ninguém, odiava dividir comida, além disso após todos as piores coisas que ele pensava que poderia acontecer, terem acontecido, ele concluiu que as coisas não poderiam ficar pior.
Pobre Pedro nunca o disseram que tudo sempre pode piorar, e ele teve que descobrir sozinho.
-Ei cara sinto muito por tudo que meus amigos lhe fizeram passar.- Disse David, um dos garotos o qual estava cometendo bullying com ele antes, a atitude o surpreendera tanto que ele esquecera de engolir sua comida e a manteve imóvel em sua boca, enquanto processava a informação.
-É tudo bem...-Disse de boca cheia, e desviando o seu olhar para o seu prato, por mais que a atitude soasse boa, a presença daquele garoto o incomodava e ele queria que o mesmo se afastasse logo.
-Eu não ligo para o que meus amigos dizem, eu acho você top, posso ser seu amigo?-O olhar dele tinha um entusiasmo que lhe arrepiara, tal como um predador se aproximando de sua presa.
-Seria legal.-Por mais que uma vozinha gritasse dentro dele "cilada" Pedro começara a acreditar, afinal as pessoas erram e pode melhorar não é mesmo?-Quer almoçar comigo?
-Hum eu já acabei de almoçar, mas amanhã com certeza sim, me dá um abraço?-Disse abrindo os braços e chamando a atenção de todos no refeitório, Pedro não era muito fã de demonstrações públicas de afeto, mas não pareceu muito legal ignorar seu único amigo, por isso levantou-se para dar-lhe um breve abraço.
Contudo David o envolveu em um abraço forte e demorado, chegando a esfregar-lhe as costas, Pedro chegou até mesmo a se emocionar com o ato, e se surpreender ao concluir o quão carinhoso seu novo amigo poderia; mau sabia ele que acabara ganhar um verdadeiro abraço de cobra.
Era o primeiro dia de aula, mas ninguém estava preocupado com o fato de que poderiam rever seus amigos, ou matar saudade de algum professor preferido. Todos os olhos da escola estavam voltados para os dois garotos que caminhavam de mãos dadas pelo corredor, os olhos de Tiago em especial estavam carregados de orgulho e admiração ao ver seu melhor amigo e seu irmão terem tanta coragem. As coisas mudaram para melhor desde o último dia de aula, e como em toda história clichê os bonzinhos tiveram sua recompensa e os malvados seu castigo. Eva tem conseguido superar seu relacionamento abusivo, e vê até mesmo uma oportunidade para viver um novo amor, Alessandro tem tido grande responsabilidade nessa última parte. Ellen e Tiago descobriram que tem muito mais em comum um com o outro do que pensavam, ambos são emocionais e amam elo
-Como assim desistir?-Falou Isabella indignada.-Da forma que você ouviu, estou caindo fora do seu plano idiota.-Falou Tiago tranquilamente.-Não quer se vingar? Vai deixar barato o que aquele esquisito te fez?-Falou ela sentindo uma corrente elétrica passar por seu corpo, conseguiria quebrar uma parede com os punhos naquele momento de tanta raiva que sentia.-Vou, na verdade voltamos a ser amigos.-Disse ele dando um sorriso solto.-Quando fui esquecido pelos meus amigos no momento em que mudaram de turma, eu percebi que é inútil tentar agradar um bando de gente vazia como vocês.-E quanto a Júlia?-Ela não podia crer no que estava acontecendo.-Ela se foi, e sinceramente nunca me amou, não tem nada que eu possa fazer pra mudar.-Ele se levantou da mesa, por um segundo chegou a pensar que as pessoas a volta deviam imaginar que eles eram um casal problemático, visto que sempre quando i
Pedro ensaiara o seu discurso diversas vezes, no entanto parecia que nunca havia planejado coisa alguma, as palavras simplesmente não pareciam conectar-se em sua mente. Já fazia mais de trinta minutos que se encontrava de frente a porta da casa dela, no entanto a coragem de tocar a campainha não vinha, a alguns meses quando estava carregado de ódio em seu peito achava que partir o coração de Júlia, e mostrar a Tulio o quão melhor estava sem ele lhe daria mais prazer que qualquer coisa, no entanto assim como passar meses longe de Tulio magoar Júlia não tinha a satisfação que ele esperava, cuidado com o que deseja, pensou consigo mesmo. A única maneira de terminar o que lhe trouxe até ali era começar, foi com esse impulso que ele tocara a campainha, o portão automático abrira, e ele rumou para dentro da casa,
Ele tentou ignorar os gritos, como sempre fazia, tremendo ao som da voz grave do pai, o qual xingava a mãe e lhe ameaçava. Pedro se encolheu ainda mais embaixo de suas cobertas, fechou aos olhos e deixou sua mente lhe levar pra longe, as lágrimas saíram sem ele perceber, porém após colocar seu fone no volume máximo conseguiu escapar um pouco da pressão do ambiente. Seu pai nunca fora um bom marido, sempre os tratava com frieza e eventualmente os agredia com palavras, contudo desde que ele começara com as drogas Pedro percebeu que por mais que uma situação fosse ruim, ela sempre podia piorar, agora só as palavras não eram o suficiente, ele passara para a agressão física também. Em meio as acusações infundadas de que sua mãe o havia traído, ele podia ouvir o barulho das pancadas qu
Ele não a via, foi o que concluira Júlia ao perceber que mais uma vez Pedro dava atenção a todos no rolê, e mau falava com ela, sentiu-se menos que um objeto, desde que começara a malhar começou a ganhar seus próprios elogios, e ela passara a ser cada vez mais dispensável. Vômitos e mais vômitos, ela pensou em dizer a ele sobre seu problema, contudo ele não parecia se importar com ninguém além de si mesmo atualmente, o amor doía foi o que ela pensou consigo mesma, ao ver que conseguira ficar mais infeliz que antes. Pedro a usara como uma escada para a popularidade, esse pensamento lhe atingiu e causou dor. No entanto continuava, talvez pelos bons momentos que haviam compartilhado, ou até mesmo pelos momentos em que ficavam sozinhos, ele era carinhoso nessas horas, diferente desse hetero top quand
Tulio segurou suas lágrimas até fechar a porta do seu quarto, foi ali que ele permitiu-se desabar, enquanto sentia sua alma partida ao meio, com a certeza de que sua história de amor estava acabada para sempre, se tornava cada vez mais incontestável. Havia pisado nos sentimentos de Pedro, e sentia que ele nunca iria perdoá-lo. Tudo o que ele pediu ao universo foi a bênção de estar só, apenas precisava disso, contudo seu irmão adentrara em seu quarto.-A bonequinha está chorando?-Pergunta ele em tom sarcástico.-Me deixa em paz!-Gritou Tulio sentindo seu sangue ferver.-O que foi? Quebrou uma unha?-Falou ele imitando trejeitos caricatos.-Quando você se tornou esse babaca?-Disse Tulio com a voz embargada pelo choro.-Você é meu irmão, deveria cuidar de mim.-A última frase trouxe culpa a Tiago, c
Último capítulo