Ana voltou para casa, o corpo tremendo, a mente confusa. As palavras de Adam ecoavam em sua cabeça, misturando-se com a sensação do beijo, do abraço. Ela não conseguia entender o que estava acontecendo, quem era Adam, o que ele queria dela.
Subiu para o quarto, trancou a porta e se jogou na cama, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela se sentia como uma marionete, controlada por fios invisíveis, sem poder de decisão. "Eu preciso sair daqui", pensou, enxugando as lágrimas. "Preciso me afastar dele, antes que ele me destrua." Mas para onde ela iria? Adam parecia estar em todos os lugares, sempre a observando, esperando o momento certo para agir. Ela se sentia presa, encurralada, sem ter para onde correr. Naquela noite, Ana mal conseguiu dormir. Ela se revirava na cama, atormentada por pesadelos, acordando a cada instante com o coração disparado. As palavras de Adam a assombravam, a possessividade em seus olhos, a promessa de que ela seria dele. Na manhã seguinte, Ana acordou exausta, com olheiras profundas e a sensação de que não havia descansado nem um pouco. Ela se arrastou para o banheiro, lavou o rosto e se olhou no espelho. O reflexo que viu a assustou. Ela parecia pálida, abatida, como se tivesse perdido a vitalidade. "Eu preciso me recompor", pensou, tentando se animar. "Não posso deixar que ele me destrua." Ela se vestiu, tomou um café rápido e saiu de casa, decidida a seguir com sua rotina. Mas a sensação de que Adam a observava não a deixava em paz. Ela se sentia como se estivesse sendo seguida, como se ele pudesse aparecer a qualquer momento. Durante o dia, Ana tentou se concentrar nos estudos, mas a mente dela estava em outro lugar. Ela se sentia inquieta, ansiosa, como se estivesse esperando por algo ruim acontecer. À tarde, enquanto caminhava pelo parque, Ana viu Adam sentado em um banco, observando-a. Ela hesitou, pensando em fugir, mas ele a chamou, a voz calma e convidativa. - Ana, podemos conversar? Ela respirou fundo e se aproximou, tentando manter a calma. - O que você quer, Adam? - Eu só quero te entender. respondeu ele, levantando-se e caminhando até ela. - Quero entender por que você me odeia tanto. - Eu não te odeio. disse Ana, desviando o olhar. "Eu só... tenho medo de você." Adam sorriu, um sorriso triste e compreensivo. - Eu sei. Mas eu nunca vou te machucar, Ana. Eu só quero te proteger. - Me proteger de quê? perguntou ela, erguendo o olhar. - De você?" Ele hesitou por um momento, como se estivesse procurando as palavras certas. - Eu sei que pareço perigoso, possessivo. Mas eu não sou assim, Ana. Eu só... me importo com você. Ana o encarou, confusa. Ela não sabia se devia acreditar nele, se devia confiar em suas palavras. Mas havia algo em seus olhos, uma sinceridade que a intrigava. - Por que você se importa comigo? perguntou ela, a voz baixa. - Porque você é diferente. respondeu ele, aproximando-se dela. - Você é forte, corajosa, inteligente. Você não se deixa intimidar por mim, mesmo sabendo que eu posso te machucar. Ana sentiu o rosto corar. Ela não sabia o que dizer, o que pensar. Adam a elogiando, dizendo que se importava com ela? Era algo que ela nunca imaginou ouvir. - Eu não sei o que dizer. murmurou ela, desviando o olhar. - Você não precisa dizer nada. respondeu ele, segurando o queixo dela e forçando-a a encará-lo. - Só precisa acreditar em mim. Eu nunca vou te machucar, Ana. Eu prometo. Ana sentiu o coração acelerar, a respiração falhar. As palavras de Adam eram doces, persuasivas, mas ela não sabia se podia confiar nelas. Ele era um enigma, um homem que a atraía e a assustava ao mesmo tempo. - Eu não sei se acredito em você. murmurou ela, desviando o olhar. - Eu sei. respondeu ele, acariciando o rosto dela com a ponta dos dedos. - Mas eu vou te provar, Ana. Vou te mostrar que eu sou diferente do que você pensa. Ele se aproximou ainda mais, e Ana sentiu o calor do corpo dele contra o seu. - Como? perguntou ela, a voz fraca. - Me dê uma chance. respondeu ele, os olhos azuis brilhando com intensidade. - Me deixe te mostrar quem eu realmente sou. Ana hesitou fortemente, mordendo o lábio inferior. Ela sabia que estava brincando com fogo, que Adam era perigoso, possessivo. Mas havia algo nele que a atraía, uma força irresistível que a puxava para ele. - Tudo bem. disse ela, a voz trêmula. - Eu te dou uma chance. Adam sorriu, um sorriso que iluminou seu rosto e fez o coração de Ana acelerar. - Obrigado, Ana. disse ele, a voz rouca e suave. - Você não vai se arrepender. Ele se afastou, dando espaço para Ana respirar. Ela sentiu o corpo relaxar, a tensão se dissipar. Mas a sensação de que estava prestes a entrar em um território desconhecido, perigoso, ainda a assombrava. - O que vamos fazer agora? perguntou ela, curiosa. - Vamos começar do zero. respondeu ele, estendendo a mão para ela. - Vamos nos conhecer de novo, como se nunca tivéssemos nos encontrado antes. Ana hesitou por um momento, mas depois estendeu a mão e apertou a dele. A pele dele era quente, firme, transmitindo uma sensação de poder e confiança. - Tudo bem. disse ela, sorrindo timidamente. - Vamos começar do zero. Eles caminharam juntos pelo parque, conversando sobre coisas simples, como seus hobbies, seus sonhos, suas famílias. Ana se surpreendeu com a leveza de Adam, com o senso de humor dele, com a forma como ele a ouvia com atenção e respeito. Ele parecia um homem diferente, um homem que ela nunca tinha visto antes. Ele não era mais o predador possessivo, o homem que a assustava. Ele era apenas Adam, um homem que a intrigava, que a atraía, que a fazia sentir coisas que ela nunca tinha sentido antes. Quando o sol começou a se pôr, eles se sentaram em um banco, observando as cores vibrantes do céu. Ana se sentia relaxada, feliz, como se estivesse em um sonho. - Eu nunca imaginei que você fosse assim.