Paris parecia mais suave depois de Nápoles.
O vento era o mesmo, as janelas ainda tinham flores nas sacadas, e o som distante dos cafés preenchia a rua como uma trilha sonora gentil.
Mas Allegra via tudo com outros olhos agora.
Olhos que sabiam para onde voltar.
Lucca a esperava na saída da estação, encostado no carro com as mãos no bolso e aquele sorriso de quem era abrigo.
Ela desceu com a mala, o cachecol enrolado duas vezes e o coração leve.
— Então? — ele perguntou, enquanto abria a porta para ela.
— Enfrentou os fantasmas?
Ela assentiu, colocando a mala no banco de trás.
— Enfrentei.
E descobri que alguns estavam só esperando que eu os deixasse partir.
— E você deixou?
— Um por um.
Ele sorriu.
— Orgulho. Muito.
Ao chegar no apartamento, Sophia correu para o abraço como se tivessem passado anos desde a última conversa.
— Você tá diferente — disse, apertando as bochechas de Allegra. — Mais leve. Tipo uma aquarela que finalmente secou e revelou o desenho.
— Isso foi poético ou só l