Na manhã seguinte à exposição, o sol entrou pela janela com um dourado manso, como se soubesse o que aquela luz significava.
O último dia na Casa de la Llum.
Allegra acordou devagar, sentindo o cheiro de café recém-passado vindo da cozinha. Lucca já estava lá, com um jornal dobrado, o cabelo bagunçado e o olhar calmo de quem entende que as despedidas não precisam ser tristes — só verdadeiras.
— Dormiu bem? — ele perguntou, servindo duas xícaras.
— Dormi inteira.
Enquanto tomavam café no quintal, o celular de Allegra vibrou.
Uma notificação.
E-mail de: Instituto de Arte Contemporânea de Florença
Assunto: “Convite para residência artística – outubro”
Ela abriu com os olhos ainda ajustando o foco, o coração levemente acelerado.
“Estimada Allegra,
Seu nome chegou até nós pelas mãos de Esperanza Ruiz e Lina Nogueira.
Acreditamos que seu trabalho dialoga com a proposta do nosso próximo programa:
‘Fragmentos do Corpo: arte como memória e resistência.’
Seria uma honra tê-la conosco em Florenç