Voltar a Annecy foi como abrir um livro já lido — mas com olhos diferentes.
A estrada era a mesma, o cheiro de floresta, os campos amarelados ao longe, o som do vento contra os vidros. Mas Allegra sentia tudo de um jeito novo.
Não era mais visitante.
Nem passageira.
Era alguém que voltava com a intenção de ficar — ainda que não pra sempre.
Mas por agora.
— Parece menor — disse ela, quando a casa apareceu atrás do caminho de pedras.
— Ou você que tá maior — respondeu Lucca, com um sorriso tranquilo.
Assim que entraram, Allegra tirou os sapatos e caminhou direto até a varanda dos fundos.
O lago estava espelhado, sem uma única onda. O céu tinha tons de violeta e âmbar.
Ela ficou ali por um tempo. Respirando.
Lucca apareceu logo depois com duas canecas de chá quente.
— Acho que nunca vi esse lugar tão silencioso.
— Não é silêncio — ela disse. — É escuta.
Durante a tarde, arrumaram o quarto de hóspedes, abriram a antiga garagem — onde Lucca pretendia guardar seus equipamentos de gravação —