Voltamos de Annecy no fim da tarde de segunda-feira, com o carro cheio de silêncios bons e o porta-malas com mais lembranças do que roupas.
Lucca dirigia com uma das mãos no volante e a outra entrelaçada à minha.
O rádio tocava uma música francesa suave, daquelas que combinam com estrada, céu nublado e coração leve.
Eu encostei a cabeça na janela e pensei:
Era isso que eu imaginava quando sonhava em ser livre.
Paris apareceu à distância, lentamente, como uma pintura que se revela traço por traço.
A torre no horizonte.
Os telhados desalinhados.
A cidade voltando a me chamar pelo nome.
— Pronta pra voltar? — Lucca perguntou, com um meio sorriso.
— Pronta pra continuar.
Sophia estava de pijama de listras e meias coloridas quando abrimos a porta.
— VOCÊS VOLTARAM! — gritou, pulando no meu pescoço. — Olha essa pele! Esse brilho! Essa aura de artista apaixonada e energizada! Eu quero isso pra mim!
— A gente só respirou um pouco — respondi, rindo.
— Respiraram ares abençoados, isso sim.
Loui