O portão da frente se abriu ao meio-dia, sem aviso.
Eu estava na varanda, lendo a cópia de um relatório de movimentações das famílias rivais quando a vi.
Adriana.
Saltos firmes.
Vestido branco.
Rosto fechado.
O tempo passou, mas ela continuava linda — e ainda mais perigosa.
— Serena — ela disse, como se meu nome fosse uma lâmina.
— Adri… — minha voz falhou, engasgando no próprio medo.
— Me disseram que você se casou com um Morelli.
— Eu…
Ela riu, curta.
— Você nunca foi boa em dar más notícias, né?
—
Levantei.
Ela me encarava como quem quer invadir — o coração ou a mansão.
— Entra — pedi.
Ela hesitou, mas aceitou.
Sapatos batendo no mármore como batidas de tambor antes da guerra.
—
Fomos até o salão.
Silêncio entre nós.
Ela parou diante da lareira e se virou.
— Você sabia?
— Sobre o quê?
— Você sabe sobre o quê.
Meu pai. A morte dele.
Não adiantava mentir.
— Descobri recentemente.
— E ainda assim…
Você continuou dormindo com o assassino.
O tapa não veio.
Mas a frase doeu mais do que s