Lucia passou a noite em claro.
Não por medo.
Mas por raiva.
Raiva do silêncio.
Raiva da manipulação.
Raiva de si mesma, por ter deixado Sofia ir embora.
E por não ter notado que Leonel estava por perto… o tempo todo.
—
A manhã chegou com o céu cinza, quase metálico.
Serena bateu à porta, segurando um tablet.
— Recebemos um vídeo. Codificado.
Com o mesmo selo de antes.
O L.
Lucia pegou o dispositivo, ativou a tela e viu.
Era uma gravação.
Imagem instável.
Som abafado.
Mas ao fundo, inconfundível: a voz de Sofia.
“Eles dizem que ela me esqueceu.
Mas eu lembro.
Eu lembro da canção.
E do cheiro do verão.
E do dia que ela me prometeu voltar.”
Lucia cobriu a boca com a mão.
Serena congelou.
“Agora eu sou forte.
Aprendi sozinha.
E vou mostrar pra ela que também posso proteger.”
O vídeo cortou.
Tela preta.
E em letras vermelhas:
72 HORAS.
—
— É um sequestro? — Serena perguntou.
— Não — Lucia respondeu, em tom firme. —
É uma lição.
Leonel está ensinando pra ela que fomos nós que a abandonamos.