O silêncio que se seguiu foi cortante como o vento do pátio. Meu pai pegou o pote, os dedos largos envolvendo o vidro com uma delicadeza que não combinava com ele.
— Preocupada com Silas? — repetiu, abrindo a tampa. O cheiro doce de canela e manteiga invadiu o espaço apertado. — Isso é novidade. — Ele é seu filho, pai. — Sentei-me diante dele, observando-o escolher um biscoito com cuidado. Ele parou, o biscoito a meio caminho da boca. Por um instante, vi algo além do lorde do crime nos olhos negros: a sombra do homem que me ensinara a amarrar cadarços na varanda desta mesma casa, séculos atrás. — Você também, piccolina. — A voz dele baixou, quase suave. — Só é mais teimosa. Como a Beatrice. O nome da minha mãe pairou entre nós como um fantasma antigo. Ele mordeu o biscoito e fechou os olhos por um instante. — Está bom. Quase como ela fazia. Eu não respondi. Apenas o observei abri