O interior da capela era frio e silencioso, o ar pesado com o cheiro de velas de cera de abelha e de terra molhada. Os Corvos depositaram o caixão de Lorenzo sobre dois cavaletes de madeira simples, diante de um pequeno altar de pedra. A luz do amanhecer, filtrada pelos vitrais empoeirados, pintava o caixão com cores tristes.
Minha avó, Lyra, colocou uma mão sobre a madeira, seus olhos prateados fechados por um momento, seus lábios sussurrando uma oração. Então, ela se virou para Shoji, que parecia perdido e pequeno naquele lugar. — Vou preparar o corpo do seu irmão — disse ela, sua voz ecoando suavemente nas paredes de pedra. — Gostaria de me ajudar, filho? Shoji olhou para o caixão, depois para as mãos calejadas de Lyra. Em seus olhos, havia medo, mas também um profundo desejo de fazer algo, qualquer coisa, para tornar aquela realidade insuportável um pouco mais digna. Ele acenou com a cabeça, um único e firme movimento. — Sim. Eu ajudo.