O machado descia e subia como um pêndulo cruel. Cada golpe era um estalo seco no ar gelado, um som metálico que me fazia lembrar de ossos quebrando. O cheiro de pinho recém-cortado e terra molhada impregnava minha língua, quase doce demais. O suor ardia na minha pele, apesar do frio. Meus músculos tremiam. Fazia tempo que eu não cortava lenha. Era bom. Era simples.
Estava no Chalé tentando me esconder de Leo. Cada golpe era uma tentativa de apagar “Ryan Carter” da minha cabeça, o beijo, a dúvida venenosa plantada por Kate. Outro tronco. Outro golpe. O estalo violento pareceu ecoar muito além da clareira. — A técnica é impecável. A raiva, no entanto, é um exagero. O machado ficou suspenso. Um arrepio percorreu meu corpo. Meu coração acelerou berrando pra que eu fugisse… ou atacasse. Dante estava ali, sentado num tronco caído, como se a floresta tivesse parido sua presença. Casaco longo de lã escura, mãos nos bolsos, olhos avaliando cada detalhe vas