A porta da sala de música se fechou atrás de mim com um baque surdo e final, o som ecoando na vastidão do cômodo como um trovão abafado. A sala era imensa, com tetos altos e paredes forradas de veludo vermelho escuro, abafando qualquer ruído exterior. Estantes repletas de partituras poeirentas alinhavam-se contra as paredes, e instrumentos de todas as formas e tamanhos — violinos, harpas, um celeste — pareciam espectros silenciosos sob a luz fraca filtrada pelas pesadas cortinas de veludo.
No centro, sob um círculo de luz pálida de um candelabro suspenso, estava um piano de cauda negro, polido como um ataúde. — Senhor Virgílio? — chamei, minha voz absorvida pela acústica morta da sala. Só o eco do meu próprio coração batendo forte nos ouvidos me respondeu. Movimentei-me cautelosamente, meus sentidos alertas. O ar cheirava a cera de abelha e madeira carcomida. Cada passo meu no tapete espesso era abafado, c