A garrafa de vinho estava pela metade. As palavras de Henry, o calor de seu toque na minha cintura horas antes, ainda me queimavam por dentro, como um fósforo que nunca se apagava. Eu sentia tudo com intensidade. O perfume dele. O modo como olhava em meus olhos, como se pudesse ler minha alma e se compadecesse dela.
Mas ali estava eu… sozinha, trancada no meu quarto da mansão Torres, afogada em silêncio, no meio de taças e lembranças confusas.
O barulho da porta abrindo devagar me fez virar o rosto. Leonardo entrou sem pedir permissão — como sempre fazia. O cabelo bagunçado, a camisa aberta até o peito, o olhar de quem sabia que exercia poder sobre mim.
— Está bebendo sozinha? — ele perguntou, se aproximando devagar.
Revirei os olhos, mas não tinha forças pra discutir.
— Vai embora, Leonardo… por favor. — minha voz saiu trêmula, quase um sussurro.
— Você está bêbada… e sabe o que acontece quando fica assim, não sabe? — ele sorriu de lado, aquele sorriso cínico que antes me encantava,