A noite caiu sobre a mansão como um véu de mistério. As paredes antigas pareciam absorver os murmúrios do passado, e cada passo meu ecoava como se pertencesse a outra era. A garoa fina escorria pelas janelas, e do lado de fora, o jardim parecia mergulhado em névoa. Eu estava sozinha. Sozinha com meus pensamentos, com a culpa latejando em minha mente.
Depois daquela noite desastrosa com Leonardo — que jamais deveria ter acontecido — eu me sentia suja. Envergonhada. Enfraquecida. Não foi amor, nem desejo. Foi um erro embalado pela bebida, pela confusão e, acima de tudo, pela ausência de Henry.
Henry... o nome dele se entrelaçava com meu corpo e alma. Desde que ele surgira em minha vida, nada mais fazia sentido. Tudo o que era sólido passou a parecer frágil — inclusive meu casamento.
Estava no quarto, olhando para o espelho. A camisola de seda branca escorria pelo meu corpo como se denunciasse meus pecados. Meus olhos estavam vermelhos, não apenas pelo cansaço, mas pela dor de ter traído