A manhã seguinte foi uma tortura. Cada raio de sol parecia cutucar minha pele ferida pela culpa. Eu mal conseguia encarar meu próprio reflexo no espelho. Os olhos azuis estavam opacos, cansados, carregados de um peso que só aumentava.
Naquela noite com Leonardo, eu não havia sido mais do que uma marionete da solidão e do desespero. Eu me odiava por isso, mas o que mais me consumia era o medo de perder Henry. De perder a única centelha de esperança que me restava.
Encontrei-me com ele na garagem da empresa, já quase no fim do expediente. Ele estava encostado no carro, como sempre impecável, mas havia algo diferente em seu olhar — uma mistura de dor e desejo que me desarmou.
— Helena — disse ele com a voz baixa, aproximando-se. — Você está bem?
— Não exatamente — respondi, desviando o olhar, temendo mostrar minha vulnerabilidade. — Ontem… eu cometi um erro. Um erro grande demais.
Henry segurou minha mão antes que eu pudesse recuar.
— Todos cometemos erros. Não é isso que nos define. O q