A chuva caía fina, tingindo os vidros da janela com gotículas cintilantes. Eu observava a cidade lá fora com um copo de vinho na mão, o coração pesando mais do que eu gostaria de admitir. Desde aquela noite no hotel com Henry, algo em mim havia despertado... ou talvez, retornado. A mulher que eu pensava ter enterrado sob os destroços do meu casamento infeliz com Leonardo estava viva, faminta e à flor da pele.
Ouvi o som da porta da frente abrindo com um estalo seco. Virei rapidamente, e meu coração deu um salto ao ver Henry entrando. Estava molhado da chuva, o cabelo despenteado e os olhos intensos, como se me procurassem antes mesmo de saber onde estava.
— Precisei vir… — ele disse com a voz rouca, jogando a chave sobre o aparador. — Desde aquele dia, não consegui tirar você da cabeça, Helena.
Soltei o ar devagar, sentindo o calor do vinho subir para as bochechas. Eu não estava pronta para aquilo. Ou talvez estivesse esperando por exatamente isso.
— Achei que você fosse desaparecer d