O barulho da chuva fina contra os vidros do carro misturava-se ao som abafado da respiração de Henry, que permanecia ao volante, em silêncio. A tensão entre nós era palpável, cortante, como se qualquer palavra fosse suficiente para nos despedaçar. Desde a conversa na casa de praia, algo entre nós havia mudado — algo que não poderia ser desfeito.
— Você está calada — ele disse, sem tirar os olhos da estrada. Sua voz baixa me arrepiou por inteiro.
— Estou tentando entender o que está acontecendo comigo — sussurrei, olhando pela janela, tentando disfarçar as lágrimas que ameaçavam cair.
Henry apertou o volante com mais força. A estrada deserta, ladeada por árvores escuras, parecia nos engolir. Tudo parecia sombrio, confuso, irreal.
— Helena… — ele falou meu nome como se fosse um pedido. — Se eu disser que penso em você todos os dias, desde o momento em que acordei naquela cama de hospital, você acredita?
Virei lentamente o rosto para ele. Seus olhos, mesmo concentrados no caminho, estava