dia havia se estendido com preguiça sobre a vila, como se até o sol quisesse repousar um pouco mais antes de se despedir. As tendas coloridas do FISP ainda estavam armadas, algumas flores começavam a murchar nos cordões pendurados entre as árvores, mas ninguém se apressava para desmontar nada. Era como se todos tivessem, por um momento raro, esquecido que havia um mundo perigoso lá fora.

Eu estava sentada no parapeito da varanda da casa principal, observando a praça central. Lord roncava preguiçosamente em uma cadeira de palha ao lado, e Gabi fazia desenhos com carvão na madeira da mesa, distraída. Alex, deitado com os braços cruzados atrás da cabeça, usava meu colo como travesseiro — e eu não me importava nem um pouco.

— Acha que a gente devia fazer isso mais vezes? — ele perguntou, sem abrir os olhos.

— Deitar em cima de mim? — provoquei.

— Também. Mas eu tava falando sobre não fazer nada. Só… existir um pouco.

— Você não sabe fazer nada, Alex. Cinco minutos de silêncio e você já co