Mundo ficciónIniciar sesiónZoe sempre soube que pertencia a alguém. Desde criança, carrega marcas profundas na pele, grandes e imponentes—diferentes de todas as outras. Um sinal claro do que sempre foi dito: quanto maior a marca, mais poderoso é o Alfa que a reclama. Suas marcas nunca queimaram. Até agora. No dia em que completa vinte anos, tudo muda. Ele surge como um furacão, arrastando Zoe para um mundo onde não há dúvidas, apenas destino. Ele não pede. Ele não espera. Ele simplesmente toma o que é dele. O fogo que ela nunca sentiu antes a consome de dentro para fora. A verdade se impõe como um grito na pele: este homem é seu. Seu Alfa. Seu dono. Mas no momento em que Zoe se entrega ao que sempre esteve destinado a ser, ele recua. Uma profecia sussurrada por um ancião pesa sobre ele. Um segredo capaz de mudar tudo. Agora, Zoe precisa descobrir se seu destino já foi escrito… ou se terá coragem de reescrevê-lo, mesmo que isso signifique desafiar o Alfa que seu coração, sua alma e sua pele reconhecem como seu.
Leer másaltas, espalhando o cheiro doce das flores recém-desabrochadas e o frescor da terra molhada. O som das folhas farfalhando misturava-se às risadas das crianças correndo pela clareira, como se a floresta respirasse junto com a gente.Sentada na varanda da casa grande, com uma xícara de chá quente entre as mãos, observei tudo aquilo com um nó doce na garganta.Paz.Era isso.Não a ausência de movimento, ou o silêncio total… mas esse estado de repouso do coração. Essa certeza de que, por fim, estávamos todos onde deveríamos estar.— Tá pensando alto de novo? — Alex apareceu por trás de mim, passando os braços em volta da minha cintura e apoiando o queixo no meu ombro. — Seus pensamentos fazem barulho, Zoe.Sorri, encostando minha cabeça na dele.— É que eu ainda tô tentando acreditar. Que deu certo.— Deu — ele disse, firme, como só ele conseguia ser quando queria me lembrar que eu não precisava duvidar. — A adaga tá selada, os anciões voltaram, a Liz tá viva e ranzinza como sempre, a pro
A brisa da noite parecia diferente.Não era mais só o frio suave da montanha ou o sopro ancestral das árvores. Havia algo novo nela. Algo que rodopiava no ar como um segredo prestes a ser revelado.Eu estava sentada nos degraus da varanda, olhando para o céu. A lua, cheia, recortava o escuro com sua presença serena. À minha frente, a vila respirava em silêncio. E atrás de mim, a presença dele — sólida, protetora, incansavelmente atenta.Lorde sentou-se ao meu lado, sem dizer nada no início. Apenas estendeu um cobertor sobre nós dois, me puxando levemente para perto. Era assim que ele cuidava de mim: nos gestos silenciosos, na maneira como lia meus silêncios.— Está acontecendo, não é? — murmurei, sentindo o coração bater mais rápido.— Sim — ele respondeu, sem hesitação. — Eu consigo sentir. E você também.Assenti. Era como se algo dentro de mim estivesse se rearranjando. Como se uma força antiga, que até então dormia, estivesse despertando aos poucos. Meu corpo formigava, e minha men
O luar filtrava-se pelas janelas como um sussurro prateado, desenhando contornos suaves no quarto silencioso. Eu me mexi devagar, os músculos ainda cansados da última noite, mas meu peito… meu peito estava leve. Pela primeira vez em tanto tempo, leve.Alex estava deitado de lado, o rosto virado para mim, os olhos fechados. O cabelo bagunçado, a respiração calma, o traço de um sorriso nos lábios. Aquela expressão tranquila que ele raramente deixava os outros verem. Só eu.Só eu tinha esse Alex. E isso me fazia sentir… tudo.Estiquei a mão devagar, como se tocar nele fosse quebrar o momento. Mas não quebrou. Meus dedos encontraram o calor da pele dele e, como sempre, ele reagiu antes mesmo de acordar — o braço me puxando com firmeza, o corpo instintivamente colando no meu.— Tá acordada? — ele murmurou, ainda com a voz arranhada pelo sono.— Tô.— Tá pensando demais. — Ele abriu um olho, depois o outro, e sorriu. — Eu sei quando você começa a mergulhar nos seus pensamentos. Parece que v
A brisa da manhã parecia diferente naquele dia — como se até o vento soubesse que algo havia mudado. Eu estava na varanda da antiga casa dos anciões, observando a névoa se dissipar devagar entre as árvores. A floresta estava silenciosa, mas não era um silêncio vazio. Era como o respirar calmo depois de um esforço imenso. O tipo de quietude que vem depois da tempestade.A adaga estava em segurança agora. Restaurada. Purificada. Pelo menos, era o que acreditávamos.As marcas em nossa pele haviam mudado. Não exatamente desaparecido, mas… suavizado. Como se a dor nelas tivesse sido lavada, deixando apenas os contornos — uma lembrança, não mais uma ferida. Gabi disse que as dela ardiam menos. Eu podia dizer o mesmo. E embora ainda sentíssemos a energia correndo sob a pele, ela não queimava mais. Pulsava. Viva. Controlável.— Tá tudo bem? — a voz do Alex cortou meus pensamentos, suave, cuidadosa. Ele se encostou no batente da porta, os braços cruzados, aquele meio sorriso que ele sempre usa
O sol ainda não havia rompido por completo o véu da manhã, mas a clareira diante do altar já vibrava com uma energia nova. O ar parecia mais denso, carregado de algo antigo e profundo — como se o tempo estivesse prendendo a respiração.Alex se afastou devagar da pedra central, onde a adaga agora repousava, íntegra. Não havia mais rachaduras. Nenhuma sombra. O metal parecia brilhar de dentro pra fora, como se a própria luz tivesse escolhido morar nela.Zoe se aproximou dele em silêncio, sua presença sempre perceptível antes mesmo de qualquer toque.— Você sentiu? — ela perguntou, os olhos fixos na adaga.— Senti. — Ele passou os dedos pelos próprios braços. — Como se tudo estivesse… esperando.— Eles vão vir. — Gabi murmurou atrás deles, a voz carregada de uma certeza que ninguém ousou duvidar.E então, vieram.Não houve trovões. Nem tremores. Mas uma rajada de vento cortou a clareira, rodopiando entre eles, fazendo folhas se erguerem do chão e dançarem em espirais altas. O ar ficou do
A floresta parecia respirar com a gente.Cada passo que dávamos pela trilha antiga era acompanhado pelo farfalhar ritmado das folhas e o som abafado dos nossos calçados contra a terra úmida. O ar estava denso, carregado de algo que eu não conseguia nomear — uma expectativa silenciosa, como se o próprio mundo estivesse prendendo a respiração.Zoe caminhava ao meu lado, a adaga bem presa ao cinto, envolta no pano escuro com o símbolo antigo dos Guardiões. Gabi vinha atrás de nós, ao lado do pai — o Alfa da alcatéia vizinha —, que agora era mais parte do nosso círculo do que qualquer outro forasteiro. E, ainda mais atrás, vinham Liz e Lord, seus passos sincronizados, os olhos sempre atentos ao entorno.O altar não estava longe. Segundo os mapas que Zoe havia decifrado na biblioteca, aquela trilha antiga levava direto ao coração do que um dia foi Talos — a aldeia original. O berço da adaga. O início do elo.A cada passo, algo dentro de mim vibrava. Talvez fosse o instinto. Talvez fosse o
Último capítulo