🌕 Capítulo 52

A Pele da Mentira

A noite seguinte ao atentado no santuário foi longa.

O espelho da lua partido refletia algo mais profundo: a confiança estilhaçada.

Acordei com o cheiro do incenso das sacerdotisas invadindo a torre.

Maelis havia mandado limpar o templo, mas os símbolos riscados ainda estavam queimados em minha mente.

“Ela é nossa.”

Aquelas palavras não eram apenas ameaça.

Eram uma afirmação — de posse, de pertencimento, de dominação.

E eu não pertencia a ninguém.

Nem à lua, nem ao desejo de Kael, nem à memória de Rafael.

Eu era minha.

E por isso… meu corpo começou a reagir.

No banho ritual que seguiu o amanhecer, algo despertou.

Quando a água fria tocou minha nuca, senti um choque.

Não físico.

Foi uma memória que não era minha.

Vi a criada que me ajudava… ajoelhada diante de Sorren, chorando.

Implorando perdão.

Ela havia falado demais.

Contado algo.

Traído sem querer.

E ele… a havia marcado.

Não com garras, mas com medo.

Abri os olhos, ofegante.

A criada me olhou, assustada.

— Senho
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